Uma Rosa Para A Morte
Sentada na praça, num dia ensolarado e bonito, Como de costume estava escrevendo mais uma história que meus amigos estavam contando. Foi uma história muito interessante, me contavam tudo o que acontecia no mundo deles. Eu me apaixonava por todas as histórias.
Enquanto escrevia, um rapaz muito elegante sentou ao meu lado e ficou encarando a rosa em sua mão. Olhei disfarçadamente para ele e voltei a escrever. Percebendo que notei sua presença, me chamou e olhando em meus olhos profundamente, me entregou aquela rosa e disse com a voz rouca:
― Entrego-lhe esta rosa com todo carinho. A pessoa que iria receber, infelizmente se foi. Ela se tornaria minha esposa e mãe de nosso filho que nasceu ontem. Não aguentou e nos deixou. - respirou fundo. - me entregou e encarou o chão.
Eu não sabia o que falar e nem o que fazer, apenas segurei a rosa e a observei. Ele chorava constantemente e tremia sem parar. Eu apenas o abracei. Ainda abraçados, me agradeceu por aquele momento e foi embora. Seus passos eram tão lentos e sem esperança.
Chamei meus amigos de volta e eles estavam furiosos comigo, mas eu não entendia o porquê. Foi então que disseram que a esposa dele foi mais uma vítima deles e que não era pra sentir dó. Percebendo o quanto fui fria e me divertia ouvindo as histórias, resolvi dar um fim nisso e me distanciar deles. Eu não percebi que eu dava risada do que eles faziam e chamavam de passatempo.
Peguei o caderno, rasguei história por história. Irritados, declararam guerra contra mim e me ameaçavam ser a próxima vítima. Levantei irritada.
― Pois a guerra está declarada! – respondi enquanto jogava as folhas no lixo.
Sai andando em rumo à minha casa.
Enquanto caminhava, ouvi um barulho muito alto de carro e mesmo assustada não dei importância e continuei caminhando. Minutos depois escutei o carro se aproximar e alguém gritando. Olhei para trás e incrivelmente era o moço da rosa. Estava correndo em minha direção. Quando tornei a olhar pra frente, vi o carro vindo em minha direção, porém antes do carro me atingir, senti algo me empurrando para o outro lado, foi tudo muito rápido. Olhei para o carro e vi alguém todo ensanguentado. Aproximei-me e era o moço da rosa. Me aproximei dele, me ajoelhei ao seu lado e comecei chorar constantemente e agradeci.
― Nos conhecemos hoje e você se tornou o meu herói. - sorri e coloquei a rosa em suas mãos.
― Acho que o destino quis que eu ficasse junto com minha esposa. - disse sorrindo de uma forma tão única. ― Esta rosa eu vou levar comigo e lembrar da minha grande amiga. Você. - com dificuldade de falar aumentando, dizendo quase em sussurro, pediu-me para pegar o cartão do hospital onde estava o filho e ir até lá informar sua família sobre o ocorrido. Peguei também os documentos dele para saber o nome do meu eterno herói.
Eu fiquei ali com ele, segurando suas mãos geladas até a ambulância chegar. Examinaram ele, mas era tarde demais. Então peguei o cartão do hospital e mostrei ao enfermeiro dizendo que a família dele estava lá.
Embrulharam o corpo e eu fiquei ali. Dei meu depoimento à polícia. Liberada, liguei para o meu namorado e contei tudo. Contei a minha ideia e ele aceitou sem nenhuma queixa! Depois de conversarmos, fui ao hospital e ao entrar, logo vi uma família chorando desesperadamente. Fiquei com medo, mas fui lá perguntar se era a família do Roberto e para minha sorte, eram! Expliquei tudo a eles como foi, detalhe por detalhe, confortei-os, mesmo sendo impossível depois de descobrir que alguém muito especial acabara de morrer. Fiquei na dúvida sobre falar ou não da minha ideia e antes de conversar com a mãe de Roberto, liguei para o meu namorado pedindo para que viesse ao hospital.
Minutos depois ele chegou e me abraçou forte. Eu chorava e soluçava e quando já estava calma, chamei a mãe de Roberto e abri o jogo com ela.
― Dona Irene, eu quero adotar seu neto! Cuidarei dele com todo amor e carinho. A senhora pode nos visitar quando quiser! Seu filho tornou meu herói e queria que seu filho fosse uma lembrança de um dia que ganhei um amigo inesquecível. - sorri enquanto lágrimas escorriam.
O sorriso dela era tão verdadeiro, tão acolhedor que me senti da família naquele instante. Ela aceitou, mas com uma proposta: De poder ir todos os dias para ver o neto. Claro que aceitei! Fomos até o médico e dissemos o que pretendíamos. Ele pediu um tempo até que o menino tivesse alta e começou fazer os documentos para levarmos à justiça.
Dias depois do meu filho ter alta, fomos à justiça e levamos a papelada toda. Esperamos o todo o processo e meses depois fomos informados que conseguimos! A felicidade me dominou.
Eu e meu namorado nos arrumamos e fomos buscar nosso filho. Assinamos todos os papéis e finalmente demos um nome. Roberto, o nome do pai biológico e do meu eterno herói. Todos ao saberem, se emocionaram com a homenagem.
Fomos para a casa e me tornei a melhor mãe do mundo. E todos os meses no dia 21, no local do acidente, eu deixava ali uma rosa.
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