Sobreviva se Puder

Era uma tarde de domingo ensolarada, no relógio marcava 14h20min e eu estava fazendo caminhada como de costume. Enquanto bebia água, meu celular tocou.
― Boa tarde minha amiga! Como você está? Está caminhando? - perguntou Livia.
― Boa tarde! Estou bem, e você? Sim, estou caminhando. - soltei um riso.
― Além de não perder o costume, fará muito bem para sua saúde! Liguei para você porque acabei de ler no jornal que em São Paulo terá testes de filmes para iniciantes. Logo quando eu li lembrei de você! - disse Livia com um tom de felicidade.
― E quando é o teste? - eu já estava empolgada.
― Semana que vem, especificamente dia 22, em uma segunda-feira. A partir das 13h00min.
― Não irei perder esse teste! O único problema é que não sei onde ficar já que não tenho parente algum por lá. Você conhece algum hotel de lá bom e barato?
― Não conheço, mas eu tenho uma lista de hotéis aqui e se quiser podemos ver juntas.
― Pode ser. E eu posso ir aí hoje para vermos isso? Porque assim que tiver um hotel e sabendo o preço eu já posso ir no banco tentar pegar o dinheiro. - disse muito ansiosa.
― Será o maior prazer te ajudar! Você virá que horas? - perguntou Livia.
― Às 19h00min está bom? - perguntei.
― Está ótimo! Estarei te esperando.
― Muito obrigada por estar me ajudando realizar meu sonho. Vou terminar a caminhada e mais tarde estarei aí! Beijos, Livia!
― Tudo bem. Até mais tarde! Qualquer coisa me ligue! Boa caminhada! - desligamos e eu voltei a caminhar.
Andei até às 14h40 e fui para a casa. Após chegar fui tomar banho, vesti meu roupão e fui preparar um chá. Às 17h20 fui me arrumar. Coloquei uma regata branca, um short jeans e rasteirinhas.
Liguei para a Livia para saber se eu já poderia ir e ela confirmou.  Tranquei minha casa e fui. Como moramos perto eu fui caminhando. Cheguei e toquei o interfone.
― Liv, sou eu! Abre o portão fazendo favor?
― Pode entrar, já está aberto! - disse ela toda animada.
Entrei, nos cumprimentamos e em seguida já começamos a falar do hotel.
― Será que vamos encontrar um que tenha preço acessível? - perguntei para Livia já com o folheto em mãos.
― Claro que sim! Eu sempre encontro quando tenho de viajar às pressas. - disse enquanto olhava os hotéis comigo.
― Olha este! - apontei para um hotel chamado Palh. É novo e está com um preço muito bom! Tem algumas fotos aqui também e gostei dele. Vou ligar. - disse pegando o meu celular e ligando para o hotel.
― Hotel Palh, em que posso ajudar? - perguntou a recepcionista.
― Boa noite! Sou do Rio de Janeiro e irei para São Paulo com uma amiga. Gostaríamos de saber o valor para 5 dias. - perguntei ansiosamente.
― Qual o nome da Senhora?
― Estelle.
– Então Estelle, como o hotel é novo, nós estamos em promoção. Sendo assim você terá desconto de cinquenta por cento! O preço total é de R$ 300,00. - respondeu com toda educação.
Após nos informar sobre os preços eu pedi um minuto para que pudéssemos conversar se ficaríamos neste hotel.
Voltei para o telefone e disse que vamos ficar no hotel, mas antes teríamos que pegar o dinheiro para reservar.
Depois da ligação nós ficamos conversando sobre vários assuntos e tomando chá. O relógio marcava 22h30min, então me despedi e fui embora.
Cheguei em casa, tomei um banho e fui dormir Logo pela manhã irei ao banco. Para não acordar tarde, coloquei o despertador para tocar às 07h00min.
Acordei desesperada achando que o despertador não havia tocado, olhei no relógio e marcava 06h30min. Já eu que tinha acordado, levantei. Coloquei meu roupão, fui fazer minha rotina da manhã e depois preparar um chá bem forte. Fiquei lendo jornal por alguns minutos.
Lavei a louça e fui me arrumar. Escolhi a roupa primeiro. Um par de sapato preto, calça e camisa social da cor branca. Tomei banho e me vesti. No cabelo eu apenas fiz o penteado “rabo de cavalo” e somente passei um batom vermelho.
Tranquei a casa. Liguei para a Livia avisando que estava indo ao banco para resolver o assunto do dinheiro.
– Oi, Livia! Bom dia, querida! Tudo bom? Estou indo ao banco. Quando você vai?
– Boa dia! - respondeu enquanto bocejava – Tudo sim, e com você? Vou hoje de tarde, tenho que resolver algumas coisas antes senão não tenho como te levar.
― Não irá te atrapalhar? Qualquer coisa eu vou de ônibus.
― Imagina! Não me atrapalha! É até bom que eu faço compras por lá já que aqui eu não acho algumas coisas.
― Então ok. Vou lá, Liv, boa tarde!
― Boa sorte!
Assim que cheguei fui direto falar com alguma atendente por lá. Logo achei uma disponível.
Expliquei sobre a viagem e que precisaria de um valor antes do dia 22. Ela digitou algumas coisas em seu computador e logo afirmou que o dinheiro estaria  disponível antes da data que eu dissera. Fiz alguns procedimentos e logo estava tudo pronto. Agradeci e saí do banco.
Liguei para a Livia e disse como fo. Senti um pouco de fome e resolvi comprar suco. Passei em algumas lojas de roupas, de acessórios, decoração pra casa e mais tarde fui embora.
Logo quando cheguei, guardei tudo o que eu havia comprado, tomei outro banho, em seguida fui deitar um pouco para descansar e acabei dormindo à tarde toda. Acordei era 19h00min, preparei uma salada e suco para o jantar. Comi, lavei prato, talheres, copo e fiquei assistindo tevê e depois fui dormir.
Acordei cedo, fiz minha rotina da manhã e fui limpar a casa para já deixar pronta para quando eu fosse viajar. Passei o dia todo limpando e organizando. Ao anoitecer tomei banho e deitei, estava exausta, logo dormi.
Passou-se alguns dias e o dinheiro da Livia já estava em suas mãos já que não ia passar os cinco dias comigo. Eu estava lendo jornal quando o meu telefone toca.
― Boa tarde! É do banco, gostaria de falar com a Estelle.
― Sou eu! Boa tarde! – minha ansiedade já saltava.
― Olá, Estelle! Você fez um pedido de dinheiro comigo. Liguei para lhe informar que o dinheiro já está na sua conta. Você tem até 30 dias para retira-los, caso contrário o dinheiro voltará para o banco.
― Ah, que bom! Daqui três horas eu vou buscar. Muito obrigada!
― O banco gostaria de contar com sua preferência em outras oportunidades. Nos sentimos honrados de ter a Senhora como nossa cliente. Tenha uma boa tarde, Senhora Estelle.
― Você também!
Desliguei e fui logo contar para minha amiga. A minha felicidade estava nas alturas!
― Oi Livia, boa tarde! Tudo bom com você? - só  pelo tom de minha voz já dava pra saber o quão estava feliz.
― Oi, Estelle! O que houve? Por que tanta felicidade?
― O meu dinheiro saiu! Até que foi rápido por ser um valor um pouco alto.
― Já? Ah, que bom! Quando podemos ir?
― Pode ser na Sexta? Tenho que resolver dois assuntos ainda, mas são rápidos.
― Sem problema algum! Qual horário você acha melhor?
― Mais ou menos às 06h00min está bom pra você? Se achar melhor, pode vir dormir aqui.
― Está ótimo! Vou buscar o dinheiro e quando eu voltar já ligo para o hotel! Depois nos falamos com mais calma.
― Ok. Até mais tarde!
Desliguei e fui me arrumar para ir ao banco. Não esperei e queria ir já! Vesti uma calça jeans, sapatos pretos e sociais, e uma blusa regata da cor preta.
Vinte minutos depois cheguei ao banco e logo fui até à moça que me atendeu.
Fui direto procurar pela moça que me atendera desde a primeira vez. Dei meus documentos, confirmei o valor e assim liberada para sacar o dinheiro. 
Com o dinheiro em mãos voltei para casa. Coloquei roupão e fui fazer mais algumas coisas que estavam pendentes, mas sem muita importância. Mais tarde tomei banho, preparei o jantar e depois fiquei assistindo filme, fui dormir por volta das 22h00min.
Acordei às 08h00min e num pulo de felicidade ao lembrar que no dia seguinte irei para o São Paulo o tão sonhado teste. Levantei cantarolando, preparei um café da manhã bem reforçado e liguei para a Livia.
― Bom dia Liv! Tudo bom? - disse totalmente animada.
― Bom dia Estel! Tudo, e com você? Que animação, hein!? Eu sabia que você queria fazer esse teste, mas não o quanto! - riu Livia.
― Estou muito animada e ansiosa! E devo agradecer você por isso! 
― Pelo tom de sua voz da pra perceber! Imagina, fico feliz por te ver assim.
― Que chegue logo amanhã! Livia, vou desligar, ok? Vou deixar algumas coisas preparadas para depois guardar nas malas. Até logo!
― Ok. Até!
Desligamos e eu fui separar as coisas que eu levarei. Como eu não sabia se ia voltar na segunda-feira ou depois, guardei bastante roupas, alguns acessórios e itens que não podem faltar. Depois de separa-las, pensei em treinar um pouco do que estudei sobre cinema. Fiz vários tipos de personagens e até mesmo criei alguns. Ao mesmo tempo que me ajudava, era bastante divertido.
Após o treino, deixei a casa organizada e aproveitei que estava tudo em ordem, para caminhar. Vesti uma roupa leve e fui. Caminhei durante quatro horas e parei para almoçar. Fui até um restaurante, almocei e depois fiquei sentada na praça. Mais tarde fui pra casa descansar um pouco para depois arrumar as malas.
Joguei água no corpo e deitei. Acordei por volta das 19h00, tomei banho e me arrumei. Peguei as malas, minha bolsa pessoal e deixei sobre o sofá. Dei a última organizada na casa e liguei para a Livia para saber se eu já poderia ir até à residência dela.
― Oi Liv! Boa noite! Está na sua casa?
― Oi Estelle! Estou sim. Vai vir agora?
― Liguei para saber se já posso ir.
― Pode sim! Vou te buscar para não trazer peso. Fique pronta que já estou indo!
― Não será incomodo?
― Claro que não! Tudo bem que você gosta de se exercitar, mas ninguém merece carregar malas num ônibus que provavelmente estará lotado! - deu risada.
― Obrigada então! Estarei te esperando.
Desligamos e eu fui colocar as malas na garagem para não enrolar muito. Após eu coloca-las na garagem, fiquei sentada esperando por ela, que não demorou muito.
― Desculpa se demorei, me ligaram assim que eu estava de saída. Mas aqui estou! - disse Livia saindo do seu carro e me abraçando.
― Não se preocupe! E muito obrigada por estar me ajudando tanto!
― Amigos são para isso! Onde estão suas malas? - disse abrindo a porta.
― Estão ali na garagem. Coloquei ali para não nos atrapalhar. - disse apontado para dentro da garagem.
― Oras! - riu Livia indo em direção à garagem.
Em seguida peguei a minha outra mala, tranquei o portão e guardei a mala no carro. Logo em seguida fomos para a casa dela. 
Pegamos minhas malas e entramos. Colocamos num quarto de hospede. Vesti uma roupa confortável e fui até à cozinha ajudar ela. Depois de fazer o jantar, fiquei arrumando a mesa enquanto Livia foi tomar banho. Arrumei e fiquei esperando por minha amiga.
Durante o jantar conversamos sobre várias coisas. Lavamos a louça e ficamos na sala um pouco.
― O endereço e telefone do local do teste. - disse Livia me entregando o papel do anúncio.
― Muito obrigada! Estou muito ansiosa para segunda-feira! - sorri enquanto olhava o papel. ― Eu já vou dormir, estou cansada! Boa noite, Livia! - me despedi dela e fui para o quarto.
Guardei o papel do teste e me deitei. A ansiedade estava me tirando o sono. Olhei para o relógio e já marcava 00h00. Me virei pela última vez, fechei meus olhos e alguns minutos depois acabei dormindo.
Acordei sendo cutucada por Livia dizendo que já estava na hora de nos arrumar para pegarmos a estrada.
― Estelle, bom dia querida, hora de acordar! - disse Livia enquanto acariciava meu rosto.
― Bom dia minha querida! Enfim, chegou um dos grandes dias! - disse enquanto sorria pra ela.
― Eu imagino como esteja se sentindo. Dormiu bem? - sentou na cama enquanto dizia.
― Dormi muito bem! E você? - espreguicei-me.
― Que bom! Eu também. Vou tomar banho e já  tomamos o café!
Logo em seguida também fui tomar banho. Antes de me vestir, pesquisei a temperatura de São Paulo para ir prevenida. Coloquei uma calça jeans, meu coturno e uma camiseta roxa e penteei o cabelo. Peguei as malas, coloquei na sala e fui para a cozinha que inclusive Livia já estava lá!
Tomamos o café e lavamos a louça. Enquanto eu pegava todas as minhas coisas, Livia deixava a casa em ordem, por último trancou as portas e janelas.
Deixei as malas na garagem e fiquei esperando ela. Logo chegou e guardamos as malas. Entramos no carro e fomos pegar a estrada. Como a viagem durará cinco horas, nós preparamos lanches e bebidas para comer durante o caminho. Conversamos, rimos, nos divertimos bastante.
Chegamos em São Paulo e começamos a perguntar para as pessoas onde ficava o endereço do hotel e somente duas horas depois conseguimos encontrar.
Pegamos as malas e fomos até à recepção. O hotel era enorme e luxuoso, estávamos encantadas. Chegarmos à recepção e quem nos atendeu foi a mesma mulher do telefone.
― Hotel Palh, em que posso ajudar? – perguntou a recepcionista.
― Boa tarde! Sou a Estelle Lima dos Campos e esta é minha amiga Livia dos Santos, viemos pegar a chave do quarto que reservei. – disse enquanto pegava o dinheiro e documentos.
― Boa tarde, Senhoras! Só um momento que irei ver a lista. – disse enquanto digitava no computador e depois foi até um armário. ― Aqui está a chave Senhora Estelle! O número do quarto de vocês é 06. Que vocês aproveitem e tenham um bom descanso, boa tarde!
― Muito obrigada! Boa tarde para Senhora! – peguei a chave e fomos para o quarto.
Pegamos as nossas malas e fomos em direção ao quarto. Estávamos ansiosas e cansadas. Chegamos no quarto que inclusive era lindo! Duas camas cobertas por um edredom branco, uma ao lado da outra, criados-mudo espelhados detalhes em tom dourado, duas gavetas, do lado esquerdo de cada cama. Um guarda-roupa branco tamanho médio, tevê, um frigobar, uma escrivaninha que possuía apenas um abajur branco. O banheiro era muito luxuoso, havia até uma banheira.
Colocamos as malas num canto e nos jogamos em nossas camas. Livia foi tomar banho e eu fiquei deitada olhando meus e-mails. Nada de importante. Olhei o horário e já era 16h00min, suspirei, deixei o celular sobre a mesa de cabeceira e fiquei encarando o teto. Havia muita ansiedade em mim, eu estava inquieta e precisava botar pra fora. Me levantei, coloquei roupa de caminhada e fui para o salão de dança treinar mais um pouco. Antes de sair, avisei Livia.
Ao chegar no salão fiquei encantada com o tamanho. O salão era todo espelhado. Fiquei até às 19h00min treinando. Quando eu estava saindo uma criança de cabelos grandes e pretos, usando vestido verde todo sujo me parou na porta e disse algo que fiquei um pouco com medo.
― Moça, não vá para o último andar. lá mora um assassino! Um palhaço assassino! Ele usa uma roupa azul com pompons brancos, sapatos maiores que seus pés, peruca verde, com maquiagem toda borrada e seus dentes iguais a de um tubarão. O hotel esconde ele lá! Falarão que o andar ainda está em reforma, mas é mentira, o palhaço mora lá. Não vá pra lá! – segurou meu braço esquerdo. ― Lhe imploro moça! – saiu do salão e sumiu no corredor.
Eu estava confusa e apavorada. Acelerei meus passos e logo cheguei no quarto. Entrei, bebi um copo d’água e sentei na minha cama. Eu respirava tão fundo que logo Livia percebeu e se preocupou comigo.
― O que houve, Estel? Você está ofegante e pálida! – disse enquanto sentava ao meu lado.
― Não há com o que se preocupar! Acho que de cansaço acabei delirando no salão. Vou ficar bem! Não se preocupe.
― Vai tomar um banho enquanto vou pedindo o nosso jantar. Assim que você comer vai dormir para descansar. - disse segurando forte minhas mãos.
― É disso que preciso! Vou tomar banho. Peça para mim uma comida reforçada, mas com bastante salada, por favor. - disse enquanto eu pegava meu pijama.
― Você e sua pira de vida saudável - riu Livia. ― Fique tranquila que pedirei sim!
― Obrigada! - sorriu e foi para o banho.
No banho o ocorrido no salão se repetia várias vezes em minha mente. Eu arrepiava a cada palavra que eu lembrava, estava apavorada. Tentei não lembrar e terminei o banho. Vesti meu pijama, penteei o cabelo e assim que saí do banheiro, notei que a escrivaninha tinha se tornado uma farta mesa de jantar.
― Quanta criatividade! Parabéns, Liv! - disse enquanto passava produtos na pele.
― Muito obrigada! Queria te agradar um pouco! - disse com um sorriso enorme em seu rosto.
― Eu é quem deveria lhe agradar por tudo o que está fazendo por mim! - me aproximei e dei um abraço bem apertado.
Após nos mimarmos com palavras, fomos comer. Eu comi quase a salada toda! Estava ótima! Depois da janta colocamos os pratos, copos e talheres no carrinho e ligamos para buscarem. Não demorou muito e levaram.
Deitamos e ficamos conversando sobre o hotel, sobre o ótimo atendimento que recebemos e as palavras “O hotel esconde ele lá! Falarão que o andar ainda está em reforma, mas é mentira, o palhaço mora lá. Não vá pra lá! Lhe imploro moça!” vieram à tona em minha mente e eu fiquei ofegante novamente, mas consegui esconder de Livia. Conversamos até à 00h00 e dormimos.
Quando eu acordei era 09h00min e Livia já não estava mais lá. Olhei ao redor do quarto e vi um bilhete e um envelope.

    Você estava num sono tão pesado que não me ouviu te chamar. Então resolvi deixar este bilhete para me despedir. Espero que me perdoe por isso e que tudo dê certo na segunda-feira. Não se esforce muito, deixe para esforçar-se no dia do teste. Descanse e assim que der, me ligue ou mande uma mensagem para me manter atualizada. E este envelope contém uma quantia considerável. Deixei porque você não merece pagar a hospedagem sozinha. Beijos e tenha um ótimo dia! Lívia,"

No envelope havia R$ 300,00. Fiquei surpresa! Deixei o bilhete e o dinheiro numa gaveta da mesa de cabeceira e fui tomar banho. O banho foi breve. Liguei na recepção e pedi um café da manhã leve. Suco de laranja e torradas. Alguns minutos depois o meu pedido chegou. Liguei para a Liv agradecendo e ficamos conversamos enquanto eu tomava café. Era nítido que estava preocupada  comigo, mas eu consegui desviar o assunto e fiz com que ela parasse de se preocupar. Desligamos e eu terminei de tomar o café. Fiquei sentada na cama pensando no que eu iria fazer. Ficar no quarto eu não iria! Então pensei em ir até à recepção e perguntar sobre o último andar.
Peguei toalha,  protetor solar, coloquei uma roupa da banho por baixo e fui até a recepção.
― Bom dia! Gostaria de tirar uma dúvida. - disse com um pouco de receio de perguntar.
― Bom dia Senhora! Pois não. - disse com um sorriso em seu rosto.
― Quantos andares possuem no hotel? - perguntei sem nenhuma expressão em meu rosto.
― Possuem apenas cinco andares em funcionamento. O sexto ainda está sendo reformado, - sua expressão mudou completamente, de sorriso, foi para medo. - Por que, Senhora?
― Não é por nada não, apenas queria saber. - sorri. ― E minha última dúvida. Onde fica esse salão de testes? Segunda-feira tenho que estar lá e não sei muito bem o lugar. É minha primeira vez aqui na cidade. - mostrei o endereço para ela.
― Fica perto daqui! Temos táxis também que levam hospedes onde quiserem e é de graça. - respondeu ainda com tensão em seu rosto.
― Muito obrigada! - sai de imediato em direção a piscina.
Fiquei nadando até às 11h00. O lugar estava cheio e o hotel era muito lindo! Todos daqui são educados e atendem rapidamente. Mas será que realmente há um assassino que mora  aqui? Como até agora ninguém desconfiou ou descobriu? E por onde ele sai? Eu devia estar cansada naquele dia e acabei tendo uma visão.
Saí da piscina e subi para o quarto. Joguei brevemente água em meu corpo e fui para o salão treinar um pouco mais. Fiquei treinando durante três horas. Para minha sorte eu não encontrei a menina do primeiro dia.
Cheguei no quarto e fui tomar banho, deitei e fiquei assistindo filmes. Não eram muito bons, mas dava para distrair Acabei enjoando e fui ler livro que eu trouxera. Era sobre a história do cinema. Sem perceber eu acabei lendo o livro todo e já era 22h00. Me assustei com o horário, pois tempo passou e eu nem percebi.
Guardei o livro, coloquei um vestido preto e um sapato alto sem muito exagero e fui no restaurante do hotel jantar.
Sentei, chamei um garçom, fiz o pedido e fiquei observando o local enquanto eu esperava o meu prato. E como de costume o local era lindo e luxuoso! O restaurante estava cheio!
Tempo depois o meu pedido chega. A comida estava ótima! Paguei a conta e fui para meu quarto. Me falaram que terá festa no salão do hotel, mas preferi ficar descansando.
Assim que cheguei, tranquei o quarto. Tirei os sapatos, em seguida tirei a maquiagem, acessórios, por último a roupa e vesti um roupão. Deitei na cama e liguei a televisão para me distrair. Já era tarde e não queria incomodar a Livia com mais uma de minhas ligações. Os programas da televisão estavam entendiantes então desliguei e fui tentar dormir. Me virava a cada 10 segundos, estava inquieta quando me lembrei do sexto andar. Por que não averiguar e ver se é ou não verídico? – pensei. Me levantei e coloquei uma roupa qualquer, peguei meu celular, tranquei o quarto e fui disfarçadamente até o andar.
Resolvi ir de escada para que ninguém da recepção me visse subindo para o local. Dez minutos depois eu finalmente cheguei no tal andar.
Era o andar mais bonito do hotel. Haviam cinco portas e todas eram da cor marrom. O corredor era longo, branco e o que não pude deixar de notar é que o andar todo é muito frio. Parei bem ao meio do corredor e fiquei encarando na esperança de ver o palhaço.
Por minha curiosidade, decidi abrir todas as portas, uma por uma. Abri a primeira ao lado esquerdo, entrei e acendi a luz para ver o que havia. Era um quarto muito luxuoso e grande. Saí e fui para a primeira porta ao lado direito. Havia apenas uma cama coberta com um edredom branco.
Andei mais um pouco e fui para a segunda ao lado esquerdo. Nele tinha somente uma televisão em ótimo estado como se alguém - o palhaço talvez? - usasse. Saí e fui para o segundo ao lado direito e somente um fogão havia. Todos os móveis eram brancos com detalhes em ouro.  Mais para frente havia mais uma porta e era um pouco distante das demais.
Andei lentamente em direção à porta. Quando fiquei em frente à ela respirei fundo, segurei a maçaneta e girei aos poucos. Na primeira tentativa eu não conseguia abrir, parecia estar trancada por dentro. Tentei de novo e consegui. Abri a porta num ritmo lento e quando finalmente abri eu não
pude ver nada e não tinha luz. Entrei nele e fui tentar achar algo que provasse a existência do assassino. Quando eu estava longe da porta ela se fechou com tudo e em seguida uma voz gutural surgiu.
― Avisada com certeza você foi, mas parece que a curiosidade falou mais alto. Por isso terá que aguentar as consequências. - riu após ameaçar-me.
― Quem é você? Onde você está? Aparece seu doente! - enfrentei-o.
― Estou mais perto do que você imagina! - assoprou em meu rosto e ligou a lanterna revelando seu monstruoso rosto.
― Eu vou te denunciar! - olhei em seus olhos.
― Se você conseguir sair viva daqui, faça o que quiser. - aumentava o tom de sua risada.
Fui em direção à ele e tentei agredi-lo, mas foi mais rápido e segurou meus braços amarrando para trás. Eu me debatia, porém ele era mais forte. Usei toda a minha força e consegui me soltar. Fui em direção à porta, mas acabou segurando meu pescoço e quase me enforcando. Comecei a vasculhar até onde meu braço alcançasse sem ele perceber e acabei achando um taco de beisebol. Peguei e atingi a perna dele, derrubando ele. Eu sai correndo e assim que consegui sair dali, eu fui para o cômodo que tinha o fogão. Entrei, peguei uma panela de pressão e enchi ela com tudo que eu visse pela frente para que ficasse pesada. Após enche-la, fui para trás da porta esperar por ele.
Minutos depois ele apareceu e abriu a porta com tudo. Me preparei e atingi a panela na cabeça dele. Ele caiu no mesmo momento. Não pensei duas vezes e peguei a pequena faca dele e encravei no coração. Mas para que ele morresse logo eu golpeei várias vezes com a panela e quando vi que ele já não estava vivo, saí dali rápido para que ninguém me descobrisse.
Cheguei em meu quarto, liguei para Livia desesperada e expliquei tudo o que havia acontecido. Ela ficou em choque e no mesmo instante estava vindo para me buscar.
Me troquei e arrumei toda a minha mala. Saí dali em passos largos. Cheguei na recepção tentando não demonstrar o meu desespero e medo. Dei uma  desculpa que havia acontecido um acidente na minha família e eu tinha que voltar imediatamente. Paguei toda a hospedagem e fui pra fora esperar Livia. Eu não me importaria de ficar cinco horas esperando ela, mas eu não queria entrar mais no hotel.
Enquanto eu esperava por ela, eu liguei para a polícia e fiz uma denúncia. Expliquei tudo com detalhe e logo eles vieram! Pediram para que eu fosse até à delegacia e eu fui. Quando cheguei fui logo dar o depoimento. Eu chorava a cada palavra pronunciada.
Horas depois a Livia chegou e foi direto na delegacia. Assim que vi ela, eu a abracei forte e chorei mais ainda.
O policial nos disse que o hotel havia sido construído na cidade porque fora descoberto nas outras cidades e tiveram que fugir delas.
Fui liberada e só queria ir pra casa. Não queria fazer a Livia viajar mais cinco horas, mas ali eu não ficava mais!
Ela não se importou e fomos para a nossa cidade.
Após este ocorrido eu peguei trauma de hotéis e palhaços.

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