A Descoberta

Moro com a minha mãe em Seattle. Meus irmãos em Buenos Aires, Argentina. Tenho 39  anos, sou advogada.
Estava arrumando minhas malas para o acampamento que eu e meus amigos iremos fazer na cidade de Forks, Washington.  Coloquei roupas, acessórios e entre outras coisas. Mas o que não pude deixar de colocar na mala eram alguns livros, se batesse o tédio, os livros me salvariam. Depois das malas estarem prontas, separei a roupa da viagem e fui preparar algo pra comer.
Após eu me alimentar, lavei toda a louça e arrumei a casa para minha mãe. A primeira coisa que pensei quando fui convidada para este acampamento, foi pagar para uma enfermeira cuidar dela. Ela está doente e não pode fazer esforço. Fui descansar um pouco porque a viajem seria longa. Deitei no sofá e acabei acordando com minha mãe dizendo que estava quase na hora do meu amigo vir me buscar. Levantei e fui direto tomar banho. Tomei um banho relaxante e demorado. Em seguida fui me vestir depressa. Depois de pronta, deixei todas as malas na sala e fiquei esperando meu amigo chegar.
Chegou meia hora depois, mas preferiu ficar no carro. Dei um beijo em minha mãe, deixei alguns números de telefone caso a enfermeira precisasse e fui embora.
Entrei no carro e fomos buscar o restante do pessoal. Estávamos em 6 pessoas. Eu, Karen, Adrian, Damon, Elizabeth e Ethan. De Seattle à Forks são 222,9 km com duração de 3h36min. Durante a viagem ficamos conversando bobagens, rindo, comendo, ouvindo músicas e cantando.
Apesar da viagem ter sido divertida, foi muito cansativa. Chegamos em torno das 22h30min no  acampamento. O lugar é longe de tudo, mas apesar de ficar no meio de uma floresta, era como se fosse um condomínio, mas de cabanas. Algumas eram de moradores fixos e outras para alugar. Ao lado de onde iríamos ficar havia um morador de muitos anos, mas era quase impossível de vê-lo sair de sua casa.
Tiramos todas as nossas coisas do carro e entramos.
A cabana não era tão grande. Haviam quatro quartos de tamanho médio com duas camas, guarda-roupas brancos e pequenos, mas o suficiente para guardarmos tudo o que trouxemos. Na sala pequena havia um sofá de couro cor bege, uma pequena mesinha com um telefone que parecia ainda funcionar, tevê antiga marrom claro. A cozinha tinha um tamanho médio, nela havia uma mesa quadrada com quatro cadeiras e ambas tinham a cor marrom, um fogão à lenha, um armário branco com alguns utensílios e uma pia preta pequena. O banheiro era o maior cômodo da casa, na cor branca.
Escolhemos os quartos e com quem dormiríamos juntos. Tomamos banho e depois ficamos conversando um pouco. Fomos dormir por volta da 03h30.
Fui a primeira acordar. Olhei o relógio e marcava 08h00. Levantei devagar para não acordar Elizabeth, fiz a rotina matinal, preparei o café da manhã e fiquei na sala esperando os demais acordarem. Enquanto os esperava, fiquei lendo sobre leis. Minutos depois Ethan aparece na sala. Nos cumprimentamos e ficamos conversando. Aos poucos todos foram acordando e indo para a sala na espera do restante, até que todos estivessem acordados. Todos juntos, fomos para a cozinha - demos um jeito para que coubessem todos - e tomamos o café. Conversamos sobre o que iríamos fazer e chegamos a conclusão de que primeiro teríamos que limpar a casa para depois pensar no lazer. Cada um ficou com uma função: eu e Elizabeth ficamos com dois quartos, Ethan ficou com a cozinha, Karen com a sala, Adrian com o banheiro e Damon com a varanda. Pegamos as vassouras, rodos, produtos de limpezas que trouxemos e fomos limpar a casa.
Guardamos o café da manhã, lavamos a louça e fomos limpar a casa. A higiene do local  não era cem por cento, por isso resolvemos limpa-la – quem conseguiria ficar num lugar não muito limpo, não é?
Peguei uma vassoura, um rodo, alguns produtos de limpeza e fui limpar primeiro o quarto onde eu e Elizabeth dormimos. Em seguida fui para o outro quarto. Ao total duraram duas horas, uma para cada quarto. Após o término, fui ajudar a Karen que estava lavando a sala. Para distrair um pouco, peguei espuma e fiz “barba de papai noel”, joguei água na Karen e ela acabou entrando na brincadeira também. Depois da bagunça que fizemos, limpamos tudo e logo terminamos. Os demais terminaram logo depois. Olhei no relógio e já marcava 13h20min. Com tudo limpo, tomamos banho. Resolvemos caminhar pelo lugar para conhecermos e procurar um rio para amanhã passarmos o dia nadando.
Depois de conhecer melhor o local, achamos o rio. Fomos até uma pequena  casa onde na verdade ficava a recepção e fomos tirar algumas dúvidas sobre preços, pois pretendemos ficar um mês por aqui.
Ao chegar no local, vistamos uma mulher que aparentava ter 30 anos. Cabelo tamanho médio, cor louro escuro, alta, sapatos marrom escuro, com uma roupa social preta e com seu crachá.
Quando entramos ela nos recebeu com muita simpatia. Logo Damon se pronunciou.
― Boa tarde Senhora Meredith! Gostaríamos de saber o valor que ficaria a hospedagem durante um mês. Prazer, Damon! - após falar, estendeu sua mão direita.
― Boa tarde Senhor, Damon! O prazer é meu! Vou calcular aqui e te falo, só um instante. - virou-se para o computador, calculou e nos informou o valor.
― Então reserva a cabana número 06 por um mês, por favor. - disse entregando-lhe o dinheiro.
― Reservada! Mais alguma dúvida, Senhor?
― Desculpa a curiosidade, mas quantos moradores fixos por aqui? - disse Damon com expressão de curiosidade.
― Desculpa, mas não podemos dar informações sobre os moradores, apenas de reservas, alugações e compras das cabanas.
― Desculpe-me pela curiosidade, Senhora! Muito obrigado pelo atendimento!
― Tudo bem. Eu que agradeço a preferencia e volte quando quiser. Aliás - pausou - o telefone está funcionando?
― Não, não está. Tem algum por perto caso precisamos?
― Pode usar quando quiser o daqui mesmo. Não cobramos ligações.
― Ok. Muito obrigado pelas informações! Boa tarde! - disse Damon guardando seus documentos e se preparando para voltar à cabana.
― Boa tarde, Senhor!
Após sairmos de lá, fomos para a nossa casa arrumar todas as nossas coisas. Depois fomos para a sala ficar conversando.
― Já que vamos ficar aqui durante um mês - disse Ethan - temos que dar uma rápida viagem até nossa cidade para buscarmos mais roupas e coisas que precisaremos para ficar aqui. O que acham?
― Concordo com você! Mas vamos deixar a cabana sozinha? - disse Karen. ― Alguém que acha que sobrevive com o que trouxe para ficar tomando conta daqui?
― Como sou exagerada e trouxe roupas e outras coisas para um mês, eu fico! - declarei rindo.
― E não tem medo? - perguntou Karen.
― Não não. Podem ficar tranquilos! - respondi empolgada.
― Já que ela se pronunciou para ficar aqui, o que acham de pegarmos a estrada hoje mesmo? - perguntou Ethan.
Após todos concordarem, foram pegar algumas roupas e alimentos para a viagem. E como eu ficaria por aqui, continuei na sala lendo. Minutos depois todos apareceram com uma pequena bolsa e colocaram no sofá.
Ficamos conversando até 16h30min. Enquanto eles foram se arrumar eu fui preparar o jantar para eles. Terminaram de se arrumar e já era 18h00. Jantamos todos juntos. Enquanto fui lavar a louça, eles foram guardar as mochilas no carro e voltaram para nos despedirmos. Estavam pretendendo voltar no mesmo dia.
Nos despedirmos e eles foram embora. Tranquei a porta e fui terminar a louça, parei na porta da sala, fechei os olhos e suspirei. Peguei meu livro e fiquei lendo até 19h40min.
Terminei a leitura e fui tomar banho. Coloquei meu livro na cabeceira e fui para o banheiro. Após o banho, coloquei meu pijama e fiquei deitada pensando em várias coisas. Enquanto eu pensava, meu celular toca, era o Ethan.
― Oi, Abigail! Está tudo bem por aí? Trancou as portas e janelas? Estou ligando para avisar que não iremos hoje, ok? Aqui está chovendo muito e está perigoso para pegarmos a estrada. Sairemos logo quando a chuva parar! - disse Ethan.
― Oi meu querido! Está tudo bem sim e com vocês? Sim, tranquei tudo assim que vocês saíram! Ah, que pena. Mas tudo bem, espero vocês! - disse um pouco chateada.
― O Adrian acabou de nos dizer que vamos sair daqui às 10h00 porque o Damon vai fazer algumas coisas no carro. Vou desligar porque já vou dormir! Boa noite, Abi!
― Ok então, meu querido! Manda um abraço para todos e vai descansar! - disse me despedindo.
Logo depois de desligarmos fui dormir. Estava exausta e queria acordar bem cedo para preparar algo para quando chegassem.
Dormi rapidamente e acordei bem cedo. Arrumei minha cama, abri todas as janelas e portas. Como eu estava sozinha não preparei muita coisa, só o que eu comia mesmo. Tomei meu café da manhã e fui ver os alimentos que tinham em bastante quantidade para preparar o almoço. Pensei e pensei, logo tive uma ideia. Macarrão ao molho branco. Uma comida simples, mas que todos adoram quando é feito por mim. Não sei cozinhar muito bem, mas esse prato eu faço com maestria! Separei os ingredientes na mesa, coloquei água para ferver e comecei preparar o macarrão. Ao abrir a geladeira vi que a quantidade de molho branco não seria o suficiente, então usaria o molho de tomate mesmo, porém não tinha aqui e não daria para ir ao mercado pois fica um pouco distante. Logo lembrei do vizinho e resolvi ir até ele.
Peguei meu celular e fui até o vizinho. Bati na porta e não apareceu ninguém, chamei três vezes e ele apareceu. Ele foi abrindo a porta pedindo desculpa por ter demorado e ao me encarar, abriu um sorriso, me abraçou, começou a chorar e disse.
― Você voltou meu amor! Você voltou! Eu nunca perdi minhas esperanças. Eu sempre soube que você não estava morta. Os policiais se enganaram! - disse me abraçando e me apalpando.
― Acho que o Senhor está enganado. Por favor, me solte! - disse enquanto eu tentava sair de seus braços.
― Você perdeu a memória? - pausou e me encarou já com lágrimas nos olhos. ― Não lembra quem sou eu? Sou seu marido! Você foi raptada e ficou desaparecida. Os policiais acharam que estava morta e arquivaram o caso, mas como eu sempre te amei, vivi com esperanças. E agora você voltou. Agora ficará ao meu lado para sempre! Como conseguiu se manter tão bem assim? - disse enquanto analisava meu corpo.
― Eu não sou sua esposa! Eu nem sequer moro aqui! Você está louco e precisa de tratamento! Agora me solta senão eu grito! - ameacei.
― Não grite! Não quero que saibam que está de volta! - tampou minha boca com sua mão.
Trancou a porta e me levou para um cômodo
― Vou te deixar aqui para que ninguém descubra que está de volta. Vou preparar o almoço para nós! Não faça escândalo. - sorriu, acariciou meu rosto e saiu do quarto.
― Eu não sou sua esposa! Me tire daqui seu imundo! - comecei  gritar para que alguém pudesse notar.
Alguns segundos depois de fechar a porta ele voltou com expressão de fúria. Pegou um lenço, me amordaçou e me amarrou na cadeira com algumas cordas que ali havia.
― Eu disse que não era pra gritar, meu amor. - sorriu enquanto me amarrava. ― Quando recuperar sua memória vai se acalmar, mas enquanto isso terá que ficar assim. Eu irei te alimentar, te banhar, cuidar de você, não se preocupe meu amor. - beijou minha testa e saiu.
Me debatia para tentar escapar, mas sem sucesso e acabei ficando exausta. Eu comecei a ficar desesperada e com medo. A única força que restou era para apenas respirar.
Alguns minutos depois ele apareceu todo sorridente segurando um prato.
― Hora de almoçar, meu amor! Fiz a sua comida preferida! - parou em minha frente, mergulhou a colher na comida e foi em direção à minha boca.
― Não quero essa coisa! - disse virando o rosto.
― Minha querida, não faça eu te dar à força. É seu prato preferido. Deve estar faminta! - tentou me alimentar novamente.
― Eu já disse que não quero! - gritei e em seguida cuspi no prato.
– Eu te avisei. - segurou minha  boca com força e jogou a comida fervendo para dentro e fechou minha boca. - Coma tudo meu amor! - disse sorrindo.
Eu tentava não comer, mas ele forçava minha boca. Pensei em me mover para defender-me, mas ele foi mais rápido e amarrou minhas pernas separadas, isso fez com que dificultaria eu me defender. Já que não havia mais outro jeito, eu tive de comer. A comida estava horrível e fervendo. Estava sendo horrível engolir e depois de comer toda aquela comida nojenta ele saiu do quarto sem pronunciar nenhuma palavra.
Depois de trancar a porta, eu vomitei tudo sobre meu corpo. Comecei a chorar, gritar, mas ele apareceu rapidamente. Aproximou-se de mim, segurou em meu pescoço e aos poucos foi apertando. Fui sentindo o ar indo embora e me desesperei. Olhando em meus olhos, lentamente declarou.
― Eu te amo muito, mas a forma que você está agindo está deixando o ódio nascer. Você não é mais uma adolescente para agir desta forma. Agora vou lavar a louça e volto para dar banho em você! – beijou minha testa e saiu.
Será que meus amigos chegaram? Será que já estão me procurando? Pensei, pensei e acabei dormindo.
Acordei sendo cutucada. Abri meus olhos e ele estava com uma bacia, esponja e um sabonete.
― Hora do banho, meu amor! - disse enquanto tirava minhas roupas.
― Não me toque! Saia daqui! Me deixe vomitada, mas não me toque! - disse em tom alto.
― Não grite, meu amor. - colocou a mordaça em mim.
Ele me desamarrou, tirou meu short, minha calcinha e depois toda a parte de cima. Ao olhar meus seios a expressão dele mudou completamente. De um enorme sorriso foi para um ódio profundo.
― Você não é ela! Não é ela! Você me enganou! - começou a gritar. ― Te odeio! Você fez me fez sentir um lixo! - parou de gritar, me encarou e sussurrou. ― Mas você é tão parecida com ela... – se levantou, foi até o guarda-roupa e pegou uma caixa grande na cor verde, abriu e mostrou uma foto pra mim - Olhe... Vocês são tão parecidas...
Ao ver a foto eu fiquei completamente assustada com a nossa semelhança. Olhei para a a outra mulher, que estava ao lado dela e me aterrorizei. Era idêntica à minha mãe, parecia ser ela!
― Qual o nome dessa mulher que está ao lado de sua esposa? - perguntei com medo da resposta.
― Eloisa. É mãe dela. - disse com tristeza em seus olhos e apontou para a outra mulher - O nome dela era Aléxis.
Além de ser parecida com a minha mãe, tinha o mesmo nome.
― E onde você conheceu a Aléxis?
― Numa festa. Ela estava com os amigos dela e nos trombamos na pista de dança. Foi aí que tudo começou.
― Conte-me mais sobre ela. - olhei em seus olhos.
― Não sei muito sobre ela. Foi tudo muito rápido. Só sei que ela foi adotada, mas sempre teve contato com a mãe biológica. A mãe dela teve de fazer isso por não ter condições de cuidar das duas na época já que o marido havia falecido. Que isso fique entre nós. Mas o pouco que conheci ela fez com que eu me apaixonasse profundamente por ela! - guardou a foto na caixa, se levantou e foi até o guarda-roupa, suspirou fundo após guardar a caixa e exclamou. ― Não poderei te soltar! Agora que você sabe da sua irmã gêmea, não poderá voltar. Você irá falar pra sua mãe e com isso provocará muitas coisas.
Abigail tentou convence-lo de lhe soltar, mas a partir dali se tornou prisioneira.
Seus amigos ao voltarem viu que ela não estava na cabana e foram procura-la. Nunca descobriram que ela estava ali tão perto.

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