A Vizinha
Carlos estava assistindo televisão quando um caminhão de mudanças estacionou ao lado de sua casa. Estranhou porque ninguém mais morava na tal casa por anos. Se aproximou da janela e deu uma olhada na nova família que ali ia morar. Então uma moça alta, de pele pálida e cabelo vermelho saiu do carro. Carlos estava bem escondido atrás de sua cortina, mas ainda assim a menina viu ele e no exato momento ele deu um passo para trás assustado. Mas como era uma pessoa muito curiosa, resolveu tornar a olhar, porém ela não estava mais lá.
Ainda assustado, voltou sua atenção para a tevê. A linda moça – e o que havia acontecido repetia várias vezes em sua mente. Como não estava conseguindo prestar atenção na televisão, resolveu andar um pouco para espairecer e quando estava em frente à casa dos novos vizinhos, um vento muito gelado soprou sua pele. Parou ali, olhou para a janela de cima e viu a menina o encarando. Logo se arrepiou.
Fingiu não ter percebido sua presença e foi para a praça. Decidido em investigar essa família, ficou ali durante alguns minutos pensando por onde e como começaria. Enquanto pensava, ficou conversando com seus amigos por mensagem. Após conversar e pensar bastante, decidiu ir para a casa do seu melhor amigo.
Ao chegar, contou tudo o que havia acontecido com todos os detalhes.
― Com certeza essa família não sabe nada sobre essa casa porquê eles não teriam se mudado pra lá! – respondeu Rafael.
― Já sei como vamos começar! Vou conversar com minha mãe de fazer um jantar para eles amanhã. – disse animado com a ideia.
― Ótimo! Começaremos bem! – disse Rafael.
Ficaram por mais algum tempo conversando e decidiram juntos que iam investigar a casa e a nova família.
Quando estava próximo de sua rua, Carlos resolveu diminuir seus passos para não chegar tão depressa próximo àquela casa e se aproximando da casa, acelerou seus passos olhando somente para frente. Passou em frente à casa e logo entrou.
Foi para o seu quarto deitar porque sua mente estava muito exausta. Acabou dormindo logo.
Sonhou que estava com a vizinha em uma floresta num dia de chuva e ela apenas sorria para ele. Carlos tentava chegar perto dela e quando estava próximo, sua mãe o acordou.
― Filho, você não vai jantar? – disse cutucando-o.
― Deixa eu dormir mãe. Só mais um pouco. – resmungou Carlos.
― Sabe que horas são? Levante! – perguntou puxando seu filho para que levantasse.
― Não. Que horas são? – perguntou sonolento.
― 21h00! Levante, lave o seu rosto e vá jantar! - disse fechando a porta.
Carlos abriu seus olhos, encarou o teto e ficou pensando no sonho que acabara de ter.
Se levantou, lavou seu rosto e foi para a cozinha jantar. Enquanto comia ficou ouvindo sua mãe reclamar que dormiu demais, mas ao mesmo tempo se perdia na lembrança do sonho. Carlos nunca havia dormido uma tarde inteira.
Após o jantar, ele voltou para o quarto e resolveu escrever para distrair-se, mas sua mente não o deixava pensar em absolutamente nada à não ser na vizinha e então resolveu ir assistir tevê. Para a sua mãe era notório de que não estava bem, mas nada comentou com seu filho.
Mudava várias vezes de canal, mas nada o animava, então decidiu que iria começar a investigação. Pensou várias maneiras de começar quando lembrou da ideia de chamar a família para um jantar.
No mesmo momento foi falar com sua mãe.
― Mãe, por que a senhora não chama os novos vizinhos para um jantar amanhã? – perguntou tentando disfarçar o interesse.
― Boa ideia meu filho! Vou ver o que posso fazer e vou lá falar com eles! – disse com um sorriso enorme.
― Se quiser, eu vou lá convidá-los! – respondeu Carlos empolgado.
― Tudo bem. Então amanhã quando chegar do seu curso, vai lá conversar com eles. – disse sua mãe.
Ao mesmo tempo que estava animado para o primeiro passo da investigação, estava com medo de alguém daquela casa desconfiar dele. Conversou com sua mãe mais um pouco e decidiram que irá ser às 20h00. Já estava meio tarde então foi deitar porque às 06h00 teria curso.
Colocou seu pijama, escovou os dentes e deitou-se. Sua ansiedade tomava conta e o impedia de logo dormir. Ficou ouvindo música até pegar no sono.
Carlos acordou alguns minutos antes de seu despertador tocar. Levantou-se e ligou o chuveiro para banhar-se. O seu primeiro pensamento foi como será o jantar de mais tarde e de como reagirá ao encontrar a menina pela primeira vez. Logo saiu do banho e vestiu-se.
Foi para a cozinha e tomou café sem pressa. Após o término, pegou suas coisas e foi para o curso.
Quando fechou o portão, pôde ouvir uma voz feminina sussurrando em seu ouvido a seguinte frase:
Você está brincando com o perigo. Cuidado ao sair sozinho...
Logo após ouvir tais palavras, o silêncio tomou conta do local. Carlos já assustado, acelerou seus passos até o ponto de ônibus.
Para a sua sorte conseguiu chegar no mesmo tempo que o ônibus. Entrou e foi para o lugar de costume. Pegou seu livro e começou ler. Alguns minutos depois, o ônibus parou no segundo ponto.
Carlos olhou para a frente e deu de cara com a sua vizinha. O pouco medo que sentia, tomara conta de seu corpo. Tentou disfarçar olhando para a janela, mas nada adiantou.
As horas no curso pareciam passar lentamente, era uma tortura para Carlos. Horas depois, finalmente o horário de ir embora chegou. Fez o que tinha de fazer e foi para a casa às pressas por conta da ansiedade.
Quando entrou em sua casa, foi para a cozinha verificar se tinha algum bilhete de sua mãe e como era de se esperar, havia.
Não esqueça de falar com a família nova assim que chegar do seu curso. Beijos!
Jogou o bilhete fora, colocou sua mochila no galpão, suspirou fundo e foi até a casa ao lado.
Carlos ao se aproximar do portão, respirou fundo e tocou o interfone. Quem lhe atendeu foi o pai da garota.
― Quem é? Gostaria de falar com quem?
― Boa tarde! Tudo bom com o Senhor? Sou o seu vizinho, Carlos. Eu e minha mãe estamos convidando sua família para um jantar hoje à noite.
― Boa tarde, Carlos! Estou muito bem, obrigado! Mas é claro que vamos! Agradeço-lhe pelo convite. Que horário será? E por favor, me chame pelo meu nome, Cláudio.
― Fico feliz por ter aceitado. Será às 20h00!
― Iremos sim! Muito obrigado!
― Eu que agradeço. Boa tarde!
Segundos antes do interfone ser desligado, ele pôde ouvir uma risada feminina.
Voltou para a sua casa, seguiu para seu quarto estudar o que foi passado no curso. Enquanto estudava, seu telefone tocou.
― Alô! – atendeu Carlos.
― Oi, Carlos! Sou eu, o Fernando. Estou te ligando para avisar que temos de voltar para o curso. O professor terá que viajar por duas semanas e não quer deixar as aulas atrasadas, portanto é para todos irem.
― Mas agora? E vai até que horário?
― Sim, agora. Vai até às 15h00. Vou desligar para arrumar as coisas e ir pro curso, até daqui a pouco.
― Ok então. Até! E obrigado por me avisar.
Após desligarem o telefone, Carlos pegou suas coisas, deixou um bilhete para sua mãe e foi para o curso.
Quando fechou o portão, escutou a mesma voz que escutara pela manhã.
Cuidado...
Entrou logo no ônibus e sentou no mesmo lugar. Acomodado, continuou lendo o livro. Quando chegou no outro ponto, começou suar frio quando viu a garota entrar e escondeu seu rosto com o livro. Procurando por um lugar, ela avistou um banco vazio em frente a ele. Sentou-se, olhou para trás e questionou-o.
― Gosta de livros de livros de terror? - perguntou enquanto encarava Carlos.
― Sim, e-eu go-gos-to. - gaguejava à cada palavra.
A garota apenas sorriu e virou-se para a frente.
Carlos suspirou fundo e tornou para sua leitura. Logo chegou em seu destino. Guardou seu livro e se preparou para descer.
Enquanto caminhava em direção ao curso, ouviu novamente a voz feminina.
Cuidado. Não olhe... Para trás...
Respirou fundo e seguiu em frente. Alguns segundos depois chegou e foi direto para a sua sala. Entrou, sentou em seu lugar e apenas encarava sua mesa enquanto pensava na voz que ouviu novamente, mas logo foi interrompido pelo seu professor.
Pediu desculpas e começou anotar as coisas da lousa. Enquanto anotava, parou para pensar e percebeu que a voz que ouvia na rua era a mesma de sua vizinha, mas deixou esse assunto de lado e se concentrou nos exercícios.
No intervalo, Carlos preferiu ficar em sua sala lendo livro. Cinco minutos depois deu o horário de voltarem para a sala e não demorou muito, seu professor já estava lá preparando mais exercícios. Primeiro explicou sobre o assunto e deixou os alunos responderem. Carlos respondeu todos os exercícios, levou até a mesa de seu professor e foi liberado.
Quando seguia seu trajeto até o ponto de ônibus, ouviu novamente a voz.
"Não vá... Cuidado... Perigo..."
Parou por alguns segundos e no mesmo instante uma moto desgovernada passou por ele. Carlos ficou assustado e acelerou seus passos. Logo chegou e entrou no ônibus. Colocou sua blusa de frio em seu rosto e ficou na mesma posição até chegar em seu destino.
Desceu do ônibus e foi para sua casa com passos rápidos e apenas olhando para o chão. Quando se aproximou da casa ao lado o seu medo aumentou.
Logo entrou. Jogou sua mochila no sofá e foi tomar um banho. Carlos resolveu estudar um pouco as lições do curso e depois do estudo, pesquisou sobre bruxas.
Enquanto lia, uma frase lhe chamou muita a atenção:
"A aparência das bruxas não são como nos livros e filmes. Não tem como saber, afinal, acima de tudo, bruxas são HUMANAS!"
Logo quando leu a frase, imediatamente sua vizinha surgiu em sua mente. Voltou a ler e duas horas depois resolveu parar e dormir um pouco porque mais tarde aconteceria o esperado jantar.
Carlos foi acordado por sua mãe dizendo para se arrumar. Levantou num pulo e foi se preparar. Durante o banho ficou imaginando como seria sua reação quando eles chegassem. Após tantos pensamentos, saiu do banho, se trocou e foi para a sala.
Antes de ir para a sala, mandou uma mensagem para seu amigo.
Está quase na hora do jantar. Estou nervoso. Depois te conto todos os detalhes! Boa noite!
Três minutos depois a campainha toca. Seu coração dispara e sua respiração fica ofegante. Respirou fundo, levantou com suas pernas trêmulas e foi até a porta atende-los. Abriu a porta e cumprimentou a todos.
― Boa noite Senhor e Senhora! Entrem e fiquem à vontade! – disse Carlos apontando para a sala. ― Boa noite – pausou ao ver a menina – seja muito bem-vinda! – respirou fundo e fechou a porta. Seu corpo já estava todo arrepiado e gaguejava ao falar.
Carlos os acompanhou até a cozinha e apresentou cada um para a sua mãe. Após se sentarem na mesa, ele escolheu um lugar que ficava longe de sua vizinha. Os olhares dos vizinhos eram vazios e frios.
Enquanto comia, Carlos estava muito inquieto e para disfarçar, resolveu finalmente conversar com ela.
― Desde que nos encontramos, eu me esqueci de perguntar o seu nome. – disse apenas a encarando.
― Meu nome é Taylor. Taylor Hurley. – sorriu ironicamente e voltou a comer ― E o seu? – perguntou em seguida.
― Meu nome é Carlos. – respondeu sorrindo de lado e tornou a comer.
Depois do jantar, todos foram para a sala se conhecerem melhor. Sentou-se no chão e distraído sentiu uma mão gelada em seu ombro e deu um pulo assustado. Olhou para trás e ficou nervoso ao ver Taylor.
― Está assustado por quê? – perguntou Taylor enquanto sentava ao lado de seu vizinho.
Gaguejando respondeu
― Eu estava apenas distraído. – levantou sua cabeça e a encarou.
Depois de responder Taylor, ficaram em silêncio por alguns segundos, mas logo Carlos interrompeu com mais uma de suas perguntas.
― Quantos anos você tem? – perguntou com um certo medo.
― Tenho 16 anos. E você? – respondeu sem ao menos sorrir.
― Tenho 18 anos. – respondeu com um sorriso sem graça.
― O que gosta de fazer? – questionou-a pela última vez.
― Nada que os huma... digo, nada que os jovans gostam. – respondeu enquanto encarava o chão.
Carlos então resolveu parar de questiona-la. Naquele momento só as vozes de seus pais permaneciam na sala.
Enquanto ele estava mexendo em seu celular, Taylor pegou sua mão e o levantou. Tentava disfarçar o medo, mas ela percebeu.
― Por que está com medo? Eu não vou te comer não, fique tranquilo! – disse ao soltar uma risada sarcástica.
― Medo? Mas por que teria medo de você? – exclamou sem graça.
― Esquece! – disse sorrindo – Mãe, pai, eu e ele vamos um pouco lá fora. Não demoraremos. – disse indo até a porta.
Carlos então percebeu os olhares dos pais dela e tentou mostrar que não queria ir.
― Não precisa! Vamos conversar aqui fora ou lá em casa mesmo. Não quero incomoda-la. – disse tremendo.
- Quero te mostrar algumas coisas minhas! – disse enquanto me puxava.
Já que estava sem saída, entrou na casa junto.
A decoração da casa era bem simples. Haviam dois andares e um deles apenas tinha quartos e dois banheiros. No andar de baixo tinha uma cozinha, sala de jantar e uma sala de tevê. Depois de observar discretamente, subiu para o segundo andar. O segundo andar era totalmente diferente. Haviam cinco portas pretas com maçanetas douradas ao estilo medieval. Havia pouca iluminação e era bem gelado.
Junto de Taylor, seguiram em direção ao quarto dela. Durante o trajeto, mil coisas passaram por sua mente.
Quando chegaram na porta do quarto, os Srs. Hurley chamaram Carlos para ir embora, pois já era 22h00. Logo sentiu-se aliviado e despediu-se ali mesmo de Taylor. Mesmo escondendo o que sentia, dava para perceber que seus passos estavam acelerados.
Ao chegar no portão, olhou para a janela do quarto de sua vizinha e lá estava ela encarando-o. Foi para a sua casa e seguiu para o seu quarto. Entrou e trancou a porta para finalmente poder respirar. Antes de dormir, mandou mais uma mensagem ao seu amigo.
O jantar foi muito estranho. Podemos ir na praça de manhã, que tal? Não cofio contar por celular.
Vou dormir porque minha mente está exausta, boa noite!
Como não havia curso no dia seguinte, levantou sem pressa e foi tomar banho.
Depois do banho tomou café. Após o término, resolveu ir ver tevê, mas acabou dormindo.
Acordou com sua mãe cutucando-lhe com uma expressão de preocupação.
― O que houve mãe? – perguntou acordando assustado.
― Seu braço filho! O que aconteceu? Brigou com alguém? – questionou-o com muita preocupação.
― O que aconteceu? Não esconda nada de mim! – colocou a mão sobre a testa de seu filho.
― Não briguei com ninguém. Por que esse desespero? – perguntava sem entender nada.
― Como não? Olha seu braço! Olha essas marcas de dedos! - apontou para o braço dele.
Logo quando olhou, ficou desesperado. Não se lembrava de nada. Levantou-se e foi para o seu quarto sem dizer nada, pois estava confuso. Em seu quarto, se deitou e ficou encarando as marcas. Tinham aparência recentes. De tanto olhar e pensar no que poderia ter causado, resolveu dormir um pouco.
Quase dormindo, escutou vozes femininas adentrando na casa e logo lembrou que era dia de chá das amigas de sua mãe. Aliviado, virou-se e fechou os olhos para dormir, mas começou sentir um cheiro doce, o que o fez se arrepiar. Pensou que fosse coisa de sua cabeça, porém o cheiro só aumentava.
Estranhando este ocorrido, virou-se de frente para a porta e deu um pulo. Taylor estava encostada na porta.
― Como entrou aqui? – perguntou assustado.
― Sua mãe chamou a minha para a tarde de chá e eu vim acompanha-la. Por quê? – respondeu encarando-o e com um breve sorriso.
― Mas como conseguiu não fazer barulho algum? – perguntou Carlos ainda assustado.
― Não queria te acordar! - sorriu, mas logo ficou sem expressão.
― E por que veio? – perguntou ofegante e se afastando aos poucos.
― Não se assuste. Não vou fazer mal nenhum a você. – respondeu enquanto se aproximava e sorria ironicamente.
― Eu, assustado? Está enganada. – respondeu Carlos ainda se afastando, mas logo caiu de sua cama.
― Eu sei quando as pessoas sentem medo de mim. – disse com uma expressão assustadora.
Naquele momento, o silêncio tomou conta e somente se encaravam sem dizer nenhuma palavra, mas no mesmo instante a mãe de Carlos entrou no quarto.
― Filho, com quem está conversando? Você está bem? – perguntou muito preocupada.
― Oras! Com a Taylor. – respondeu sem entender e apontando para ela que estava sentada na cadeira do computador e segurando a risada.
― Taylor? Mas ela não está aqui! Aliás, eles não estão aí! Só voltam amanhã bem cedo. – disse olhando para a cadeira e indo para porta. ― Vá descansa! Você não anda muito bem esses dias.
Carlos nesse momento estava todo arrepiado. Ligou para o seu amigo pedindo desculpas por não ter ido de manhã e perguntou se poderia ir naquele momento. Se arrumou e foi pra casa de Rafael.
Ao passar em frente a casa, olhou para a janela do quarto e viu uma sombra atrás da cortina. Respirou fundo e acelerou seus passos. Minutos depois, chegou na casa de seu amigo.
Logo quando chegou, Rafael lhe fez inúmeras perguntas. Carlos sentou-se no sofá e contou tudo em detalhes.
― Eu no seu lugar teria desistido de descobrir quem é ela. O que me deixou curioso foi ela querer te levar para o quarto dela. O que será que tem lá? – perguntou.
― Não faço ideia e nem quero! – respondeu ao suspirar.
Conversaram por mais algumas horas e depois Carlos foi para a casa.
Ao chegar, foi para o quarto tomar banho pra dormir. Quando colocou seu pijama na cama, viu um bilhete em cima de seu travesseiro. Era de Taylor.
"Eu entrei aqui, mas você estava tão belo dormindo que, não quis te acordar. T."
Não pensou duas vezes e foi mostrar para sua mãe a prova que não estava ficando maluco.
― Mãe, olha! É um bilhete da Taylor. Não estou louco! – disse entregando o papel para ela.
― Mas não tem nada escrito aqui, Carlos. E pare de fazer essas brincadeiras usando o nome dela. Pare! – disse enquanto jogava o papel no lixo.
― Mas... Eu juro! Ela tinha deixado um bilhete para mim. Eu juro! – disse e foi para o seu quarto sem esperar por alguma resposta de sua mãe.
Ao entrar, trancou a porta do quarto, ligou a tevê, porém não conseguia se concentrar. Logo Carlos lembrou das marcas em seu braço e foi dar uma averiguada. Não estavam mais lá. Naquele instante ele só conseguia ficar apavorado. Para não ficar pensando nisso, resolveu ir estudar Alemão.
Foi para a sua escrivaninha, abriu os livros e iniciou a leitura. Não entendia absolutamente nada do que estava lendo, não conseguia concentrar-se. Acabou dormindo ali em sua escrivaninha.
Acordou às 05h00 com dores nas costas e foi-se deitar até dar o horário para se arrumar. Fechou seus olhos e lembrou de tudo o que aconteceu em relação à Taylor, ela estava tornando-a seu pesadelo.
Depois de muito pensar, o relógio despertou e levantou para se arrumar.
Foi para a cozinha com muito sono e tomou o café da manhã. Sua mãe não trocou nenhuma palavra.
Após o café, pegou suas coisas e foi para o curso. Enquanto caminhava até o ponto de ônibus, ouviu novamente aquela voz estranha – ou a de Taylor.
"Ninguém vai acreditar em você. Ninguém!"
Carlos olhou para trás, mas não havia ninguém na rua. Logo acelerou os seus passos e ao chegar no ponto de ônibus, entrou e deu de cara com sua vizinha. Tentou disfarçar para que ela não o notasse, mas foi em vão pois ela já havia notado sua presença e foi em direção a ele, mas não trocou nenhum palavra.
Carlos encostou sua cabeça no banco e acabou dormindo.
Acordou sendo cutucado por Taylor avisando que o ônibus havia chegado. Levantou-se depressa, se ajeitou e saiu do ônibus sem perceber que ela estava indo atrás.
Chegou no curso e foi direto para a sua sala. Ao entrar, pediu desculpas ao seu professor e sentou-se em seu lugar. Olhando para o lado. viu Taylor a encarando e sorrindo para ele e pensou estar maluco, deixando pra lá.
No intervalo Taylor foi falar com ele.
― Não sabia que você fazia aula de Alemão. Temos gostos em comum, não é? – perguntou sorrindo.
― É. É. Faço a dois anos já! Mas não era para você estar na sala de iniciantes? – perguntou confuso porque ela estava na sala de fluentes.
― Meu Alemão é fluente, mas pedi para minha mãe me colocar aqui porque eu não tinha nada para fazer em casa. – respondia olhando nos olhos de Carlos.
― Tem tantos cursos, por que escolheu esse? – encarava-a da mesma forma.
― Gosto do idioma. – respondeu e foi em direção à sala.
Carlos suspirou e fez o mesmo. Entrou na sala, sentou em seu lugar e ficou quieto até o professor entrar.
O professor, ao chegar, logo passou alguns exercícios mais complexos. Carlos que não conseguiu estudar no dia anterior, viu que a única solução era pedir ajuda à Taylor, mas por conta do medo, preferiu fazer sozinho. Fez como achou que era e após alguns minutos depois o professor comunicou que ia corrigir.
Após a correção o professor passou um trabalho em dupla para o mês seguinte. Mas pela primeira vez seria ele que escolheria as duplas.
― Carlos, você irá fazer com a Taylor. Sei que vocês são vizinhos, então irá facilita-los. – disse entregando o papel para ela.
Naquele momento Carlos somente respirou fundo e assentiu com a cabeça.
Dando o horário de ir embora, Carlos não esperou nenhuma ação de Taylor ou de alguém da sala e foi embora, mas ao invés de ir para o ponto de ônibus, resolveu ir andando mesmo sendo longe. Caminhou por vários minutos até sua casa e ao perceber a demora de chegar em casa, sua mãe foi logo lhe questionando.
― Por que demorou para vir? Aconteceu algo? – perguntou preocupada.
― Não mãe, não aconteceu nada. Eu me atrasei um pouco e quando cheguei no ponto, o ônibus tinha ido embora. – respondeu tentando esconder sua expressão.
― Cuidado para não se atrasar na próxima vez. Agora vá tomar um banho. O almoço já está pronto. – disse beijando sua testa.
Após conversarem, Carlos tomou banho e foi almoçar. Depois do almoço, resolveu ir – mesmo já arrepiado – até a casa de Taylor para conversarem sobre o trabalho.
Ao ficar frente a frente com o interfone, respirou fundo e tocou-o. Para sua surpresa, Taylor atendeu.
― Quem é? Com quem gostaria de falar? – perguntou.
― Oi, Taylor! Sou eu, o Carlos. Vim lhe perguntar quando podemos começar o trabalho. – respondeu Carlos.
― Oi, Carlos. Eu vou viajar pela manhã e hoje vou passar o dia arrumando minhas coisas. Assim que eu voltar, vou até sua casa para fazermos. Ok? Mais alguma coisa? – respondeu com frieza.
― Tudo bem. Até mais então! Boa viagem! – disse e se afastou para não ouvi-la mais.
Quando voltou para a sua casa, deu de cara com a Sra. Hurley. Cumprimentou e foi para o seu quarto.
Fechou a porta e ficou escutando a conversa.
― Muito obrigada por ter se oferecido à cuidar da minha casa nesses dias que estaremos fora, Margareth. A chave é esta aqui. Tenha um ótimo dia!
Após ouvir tais palavras, ligou de imediato para o seu amigo e explicou tudo e combinaram de dar mais um passo na investigação.
― Se eu estiver aqui quando minha mãe ir na casa deles, eu vou junto e tento entrar no quarto dela. – disse Carlos.
Ficaram conversando por mais alguns minutos e logo desligaram. Pegou seus livros e foi estudar para fazer o trabalho, queria evitar o máximo possível de contato com ela.
Com o trabalho pronto, acabou dormindo durante à tarde toda.
― Filho, acorda! Dormiu demais de novo! - disse cutucando Carlos.
― Mãe, me deixa dormir mais um pouco, deitei agora. – resmungou.
― Faz quatro horas que você está dormindo. Levante agora! Lave seu rosto e vamos comigo na casa de Taylor. – disse enquanto seguia em direção à porta.
No mesmo momento seu coração disparou. Levantou-se rapidamente, lavou o seu rosto e foi para a sala esperar por sua mãe, que também não demorou muito.
Foram para a casa de Taylor e ao entrarem, Carlos sentiu um enorme arrepio em sua nuca e respirou fundo tentando manter a calma.
Enquanto sua mãe foi limpar a casa, Carlos sentou-se no sofá pensando o que poderia fazer para descobrir algo. Não sabendo o que poderia fazer, ligou para seu amigo.
― Rafa, estou aqui na casa dela. Estou sem ideia do que fazer. Poderia me ajudar?
― Oi, Carlos! Poderia começar pelo quarto dela! Nada melhor que começar por lá! Dá uma desculpa pra sua mãe e vai! Vou desligar e assim que der, me liga de novo, vou sair com a minha irmã agora. Boa sorte!
― Ok. Vou lá! Até depois!
Após a ligação, Carlos disse que ia olhar os cômodos para ver se estavam tudo em ordem e subiu. O medo já tomava conta de seu corpo neste momento.
Andava lentamente e estava ofegante. Olhou todos os cômodos para que sua mãe não desconfiasse de nada e por último foi para o quarto de Taylor.
Seus passos eram lentos, mas ansiosos. Ao aproximar-se da porta, ouviu novamente a voz.
“Não encontrará nada que prove o seu pensamento. Não perca seu tempo!”
Carlos suspirou fundo e mesmo assim resolveu entrar. E ao abrir a porta, sentiu-se confuso. O quarto de Taylor estava vazio, sem móvel algum, nem mesmo uma cama ou guarda-roupa. Mas olhando atentamente o quarto, viu um pequeno papel. Como a curiosidade nesse momento falava muito alto, foi até o papel e se assustou com o que estava escrito.
“Se você está lendo esse bilhete, saiba que curiosidade mata.”
No mesmo momento em que leu, amassou o papel e saiu depressa do quarto. Foi até sua mãe e perguntou sobre o quarto estar vazio. Logo foi chamado de louco novamente.
― Como assim vazio? Está ficando louco? Vou te levar ao psicólogo. – respondeu sua mãe.
― Mas mãe, eu entrei e não vi móvel algum. Como a Senhora viu os móveis? – perguntava confuso e desesperado.
― Com os meus olhos, oras! – disse sua mãe.
― Vou pra casa! – respondeu Carlos indo em direção à porta.
Deixou sua mãe falando sozinha e foi para a casa. Ao chegar, foi para o seu quarto, sentou-se em sua cama e ficou tentando achar uma maneira de descobrir o segredo de Taylor. De uma coisa ele estava certo, humana ela não é.
Mandou mensagem para o seu amigo detalhando o que ocorreu na casa e foi aconselhado à voltar e continuar a investigação. Então resolveu seguir o conselho de seu amigo.
Ao voltar, pediu desculpas para sua mãe e lhe ajudou. Antes de irem embora, ele resolveu voltar ao quarto para ter certeza e para o seu espanto, realmente não havia nada por ali, mas estranhou o fato de sua mãe ter visto os móveis.
Quando chegaram em casa, Carlos foi dar uma estudada porque no dia seguinte teria curso. Leu um texto e reescreveu para que pudesse decorar algumas palavras. Enquanto o fazia, seu amigo Rafael ligou dizendo que teve uma ótima ideia.
― Carlos! E se fossemos hoje à noite até a casa procurar alguma evidência? Pergunta para a sua mãe se posso dormir aí, caso ela deixar, nós planejamos algo. Ou assim que ela se deitar, pegamos a chave e entramos na casa. O que acha? – perguntou empolgado com sua ideia.
― Ótimo! Faremos isso! Segundo a minha mãe, eles ficarão até a semana que vem.
― Melhor ainda! Mais tarde estarei aí! – disse Rafael ansioso.
― Até logo! – disse Carlos todo arrepiado. ― Vou terminar de estudar aqui, até mais tarde!
Após a ligação, Carlos estudo mais um pouco. Leu e acabou dormindo em sua escrivaninha. Acordou assustado com sussurros em seu ouvido. A voz era de Taylor.
Não entre... Não me enfrente.
Deu um pulo de sua cadeira e ligou novamente para o seu amigo dizendo o que havia acontecido. Os dois ficaram apavorados, mas não mudaram de ideia de entrar na casa.
Depois de conversar com o seu amigo, Carlos foi tomar banho e em seguida assistir um pouco de tevê. Enquanto assistia, um ar gelado balançou as cortinas fazendo com que Carlos se arrepiasse. Ao virar-se de frente para a janela, viu apenas uma silhueta e cabelos vermelhos, fechou de imediato, desligou a tevê foi para o seu quarto. Ao entrar, trancou a porta, deitou-se e ficou debaixo de sua coberta. Esperou por alguns minutos, mas ao escutar a porta abrindo e sentir alguém sentando em sua cama, seu coração disparou. Lentamente foi tirando a coberta de sua cabeça e ao olhar para o final de sua cama, se aliviou por ver que era seu amigo.
― Calma, sou eu! O que houve? - perguntou sem entender nada.
Carlos aliviado, mas irritado por Rafael não dito nada, explicou o que ocorreu e ficaram pensando o porquê Taylor fazia isso com ele. Carlos levantou e junto de seu amigo foram até a cozinha para pegar algo pra comer. Sua feição era de medo ainda.
Sua mãe logo viu sua expressão.
― O que aconteceu filho? – perguntou preocupada.
― Foi só um pesadelo, não se preocupe. – disse enquanto pensava no ocorrido anterior.
― Você não anda nada bem ultimamente, não quer ir ao médico? – perguntou enquanto preparava a janta.
― Não mãe, não precisa. – disse indo para o seu quarto. ― Eu e o Rafa vamos jogar um pouco. Qualquer coisa é só nos chamar! – pegou um pacote de bolacha e voltaram para o quarto.
Ligaram o vídeo-game e jogaram por bastante tempo. De madrugada começou ter um sonho estranho. Taylor estava na porta de seu quarto observando-o dormir e em uma cadeira de balanço. depois levantou-se, aproximou-se de Carlos e sussurrou:
Durma bem meu querido! Sempre estarei aqui para cuidar de ti. Não se preocupe comigo, não tenha medo de mim, eu não farei mal algum – pausou e riu – à não ser se me irritar. Boa noite!
Carlos acordou no mesmo instante suando frio e ofegante. Acordou seu amigo e contou o que houve, ambos ficaram muito assustados. Olharam para a porta, viram uma sombra de uma cadeira de balanço. O medo imediatamente tomou conta deles. No mesmo momento Rafael levantou e acendeu a luz, deitou-se novamente e ficou conversando com Carlos. Horas depois, dormiram..
Acordaram e se perguntaram sobre a madrugada. Realmente aconteceu. Levantaram-se para tomar café e juntos foram para o curso. Custou-lhe prestar atenção, mas conseguiu fazer todos os exercícios pedidos.
Quando chegaram em sua casa, almoçaram e ficaram na sala. A tarde foi calma e após o jantar, se olharam dando sinal para começar a investigação. Carlos respirou fundo e foi pegar as coisas que irão precisar.
Sua mãe lavou louça, arrumou a cozinha e avisou para eles que ia dormir um pouco, pois estava com sono e cansada. Eles assentiram com a cabeça e voltaram para a sala disfarçando e escondendo as mochilas..
Carlos pegou a chave da casa e avisou seu amigo. Deixaram um bilhete à Margareth dizendo que foram encontrar alguns amigos. Pegaram suas coisas e foram em direção à casa ao lado. Olharam o movimento para ver se havia alguém por perto e entraram depressa na casa. Se arrepiaram ao olharem para as janelas.
Assim que entraram colocaram suas coisas na mesa e pensaram por onde começariam.
― Que tal irmos cada um em um cômodo? Quem achar algo suspeito, assovia. – disse Rafael enquanto se preparava.
― Ok. Eu vou no quarto dela e você no dos pais dela. – afirmou Carlos.
Cada um pegou um objeto que seria suas armas e logo foram para seus destinos.
Carlos andou lentamente até o quarto de Taylor. Ao ficar de frente para a porta, suspirou fundo e abriu devagar e ao olhar para dentro, se assustou com o que viu. Os móveis estavam lá, todos em ótimo estado. A cama era de casal, cor branca com detalhes em laranja, por cima dela havia um mural com várias fotos de Taylor com seus amigos e ao lado dois criados-mudos do mesmo tom da cama. Neles possuíam uma foto de seus pais. Guarda-roupa pequeno branco e uma escrivaninha com alguns livros e um notebook. A primeira coisa que pensou em fazer foi ligar o computador. Torceu para que não houvesse senha e para sua grande sorte não havia. Assim que ligou, foi direto em documentos para procurar algo, mas ali nada havia. Olhou as fotos, mas nada de suspeito. Olhou em vídeos e nada que o fizesse desconfiar. Carlos ficou ali por alguns minutos quando ouviu um assovio.
Rafael foi lentamente, mas ansioso. Ao entrar, sentiu um frio terrível, logo achou estranho porque tudo estava fechado. Respirou fundo e abriu a porta do quarto. Estava bem organizado. Os móveis eram marrons e rústicos. Na cama havia um urso pequeno branco e amarelo, ao lado dois simples criados-mudos, um enorme guarda-roupa e uma penteadeira. Nela havia itens de maquiagem, perfumes e dois portas-retratos, um de sua filha e um de seu marido.
Decidiu olhar as gavetas da penteadeira, mas nada de suspeito havia nelas. Olhou nos criados-mudos e nada também. Então percebendo que a última opção era o guarda-roupa, abriu sem pensar duas vezes.
Após abrir, uma pasta azul caiu, abrindo e consequentemente espalharam-se as folhas. Recolheu todas e as organizou. Ao olhar a primeira página, começou suar frio, tremer e se arrepiar. Ao terminar de ler a primeira página, assoviou para que seu amigo pudesse ir até o quarto. Enquanto esperava seu amigo, sentou-se na cama e continuou lendo.
Alguns segundos depois Carlos chega até o quarto e o questiona.
― Carlos, antes de ler, sente-se e respire bem fundo. – disse ofegante.
― Me dá logo esse papel! – respondeu ao puxar o papel de seu amigo.
Ao olhar o que estava em destaque, começou tremer e ficar assustado. Não acreditava no que estava lendo.
― Como assim certidão de óbito da Taylor? – perguntou totalmente assustado.
― Não sei. Olha a data que ela veio a falecer. Não é possível que seja a mesma que conhecemos, não é possível! – respondeu Rafael
Os dois se encararam e juntos saíram correndo. Pegaram suas coisas e foram para a casa de Carlos. Ao entrarem, Carlos colocou a chave do mesmo jeito que estava e foi para o quarto com Rafael. Começaram discutir sobre o ocorrido. Logo Rafael caiu no sono e Carlos não dormiu. Acordou com sua mãe avisando-lhes que ia arrumar a casa da Sra. Hurley. Lembrando que esqueceram os papéis na cama e o notebook ligado, se desesperaram e tentaram ao máximo não demonstrar desespero.
― Mãe, pode deixar que hoje eu e ele vamos arrumar a casa! Fique descansando enquanto arrumamos lá. – disse levantando e fazendo um sinal para seu amigo.
― Se quer arrumar lá, tudo bem, meu filho! E obrigada por querer ajudar! – sorriu e saiu do quarto.
Carlos e Rafael levantaram depressa e arrumaram as camas. Enquanto Rafael fazia sua higiene, Carlos ficou sentado e se perguntando sobre a certidão de óbito.
Após alguns minutos Rafael saiu do banheiro, Carlos entrou. Logo terminou e foi para a cozinha onde seu amigo já estava. Tomaram café e em seguida prepararam-se para ir até a casa.
Assim que chegaram, entraram depressa e cada um foram para o cômodo que deixaram pistas. Carlos pela primeira vez entrou no quarto sem pensar ou com medo. Depois de desligar o notebook, andou pela casa para dar uma arrumada.
Rafael entrou no quarto, pegou todas as folhas e enquanto estava organizando-as, caiu uma foto dos pais dela. Na foto, eles estavam ajoelhados em cima de algum símbolo, com velas ao redor, dando as mãos um para o outro e de olhos fechados. Rafael virou a foto para ver se havia alguma legenda e havia uma pequena frase, mas em um idioma desconhecido por ele:
.uecsaner ahlif asson euq me aid O
Achou estranho e resolveu mostrar para Carlos. Mas antes arrumou toda a bagunça. Ao terminar, levou a foto até seu amigo.
― Carlos, olha esta foto estranha! A frase foi o que mais me chamou a atenção. E o idioma também.
― Deixe-me ver. – pegou a foto e leu várias vezes a frase. ― Não consegui entender. Vou anotar e nós tentamos decifrar em casa.
Rafael guardou a foto e logo terminaram de arrumar a casa.
Fecharam a casa e foram para a de Carlos. Ao entrarem, colocaram a chave no lugar e foram para o quarto tentar decifrar a estranha frase.
Pesquisaram na internet, leram dicionário Alemão, mas nada de descobrirem. Enquanto pensavam em outra maneira, Rafael de imediato lembrou que sua mãe tem um amigo Médium.
― Carlos, já sei onde podemos ir! Lembra do Bruno? Amigo da minha mãe e Médium? Ele poderá nos ajudar. Que tal irmos lá agora? – disse Rafael levantando-se.
― Não havia pensado nele! Então vamos! – disse pegando o papel.
Avisaram a mãe de Carlos dizendo que iriam um pouco na praça, pegaram suas coisas e foram até a casa de Bruno.
Pegaram o ônibus e praticamente deram uma volta pela cidade. Para a sorte dos dois, o ponto de ônibus era em frente à casa dele. Assim que desceram, Rafael o chamou. Alguns minutos depois ele apareceu.
― Boa tarde, rapazes! O que desejam? – perguntou calmo e atento.
― Gostaríamos que nos ajudasse à decifrar uma frase. Não conhecemos o idioma. – disse Carlos.
― Pois bem. Entram fazendo um grande favor. Deixem os sapatos para fora. – respondeu Bruno – Sejam bem-vindos!
Carlos e Rafael entraram com um pouco de medo, mas como era muito conhecido, sentiram-se confiantes.
Ambos foram até a cozinha. Ao entrar sentaram-se e Bruno ficou de frente para os dois.
― E então meu caros, qual é esta frase que vos intrigam? – perguntou atentamente.
― Esta aqui! – disse Rafael entregando-lhe o pequeno pedaço de papel.
Bruno ao olhar o papel, decifrou de cara. Pensou se poderia ser mais uma brincadeira de jovens, mas pôde sentir o medo dos dois.
― Eu preciso do objeto onde pegaram esta frase. É possível? – questionou-lhes.
― Sim, é. – afirmou Rafael – Se o Senhor quiser, podemos ir agora mesmo! – exclamou.
― Ótima ideia! Podem ir na frente. Vou fechar a casa!
Carlos e Rafael calçaram seus sapatos e foram até à frente da casa. Ficaram ali esperando Bruno que não demorou muito e logo apareceu.
Pegaram o ônibus e foram para o destino. Carlos durante o trajeto ligou para a sua mãe pra saber onde ela estava, ela estranhou, mas disse que estava numa amiga e que ia demorar para voltar. Sentiu-se aliviado e disse que ia para o shopping com alguns amigos. Bruno não achou certo a atitude, mas como estavam morrendo de medo, resolveu ajuda-los.
Após alguns minutos, desceram no ponto e foi em direção a casa de Carlos para poder pegar a chave. Logo Carlos apareceu e foram para a casa. Disfarçaram para os vizinhos não desconfiarem e entraram na casa.
No mesmo instante que Bruno entrou na casa, sentiu uma energia muito negativa e sentou na primeira cadeira que viu. Sentiu-se sufocado e agoniado. Os dois ficaram muito mais assustados e logo suas respirações já estavam ofegantes. Dois minutos depois de estar sentado, levantou-se, pediu para que ficassem ali e foi para o quarto de Taylor.
Ao entrar, pôde descobrir a verdade imediatamente. Sentou-se na cama dela e observou todo o local com muita cautela. Percebendo o que realmente estava acontecendo, saiu do quarto e foi até os meninos e pediu a foto.
― Agora que analisei todo o local e onde a menina dorme, poderiam me mostrar a tal foto? – perguntou o Médium sem nenhuma expressão.
Rafael foi até o quarto, pegou a foto e entregou-lhe. Enquanto observava a imagem, os dois observaram-o com muito anseio.
Após um longo tempo olhando com cuidado, Bruno devolveu a foto para Rafael ordenando para que nunca mais tocassem na imagem.
― O que descobriu, Bruno? Quem é a menina? O que está escrito atrás? – questionou Carlos.
― Sentem-se que lhe direi a verdade. – respondeu Bruno.
― Fala logo! Por favor! – exclamou Rafael.
― Taylor não está mais nesse mundo há algum tempo. Ela não é deste mundo. Vocês viram apenas um – pausou e suspirou – espirito. Os pais dela não são nada bons. Se eles entraram na casa de algum de vocês, por favor, limpe a casa com sal grosso, é de muita importância. E a última coisa. Ao sairmos daqui joguem essas roupas e as demais que usaram quando estiveram aqui. Queimem se for possível, mas descartem-as.
Carlos e Rafael já estavam sem nenhuma reação. Bruno ordenou para que saíssem imediatamente daquela casa. Encararam-se e saíram depressa. Bruno avisou sobre algumas coisas e foi para sua casa ordenando para que cada um fosse para sua casa.
Quando Carlos entrou na sua casa, pôde ver uma expressão estranha no rosto de sua mãe.
― O que houve, mãe? Está tudo bem? – perguntou preocupado.
― Um homem estranho veio avisar que é parente dos nossos vizinhos e pegou a chave. – respondeu pensativa.
― Que homem, mãe? – questionou-a novamente.
― Nunca vi na minha vida. Veio aqui e quase que ordenou para eu entregar a chave, mas eu não achei. Você viu onde coloquei? – perguntou.
― Não vi, não. Fiquei o dia fora. – respondeu com medo – Mãe, vou dar uma deitada, depois conversamos mais.
Quando entrou no quarto, encontrou Taylor o encarando com um olhar de ódio.
― Eu. Disse. Para. Você. Que. Não. Duvidasse. De minhas. Palavras. – disse pausadamente e aproximando-se de Carlos.
― Eu nunca duvidei de você! Eu já desconfiava quem era você! – disse desesperado.
― Você sabe o que acontece quando descobrem quem sou eu? – disse com um sorriso sarcástico.
― O que? Vai me matar? Eu já tenho a verdade em minhas mãos! – disse enfrentando-a.
Taylor derrubou-a de sua cama e começou o enforcar, quando estava perdendo o sentido, Taylor desapareceu como fumaça.
Carlos derrubou seu abajur para chamar a atenção de sua mãe com o barulho e logo ela apareceu desesperada.
― O que aconteceu, Carlos? – perguntou já em prantos.
― A Tay-lor. – gaguejou.
― Eu acredito em você! Vi ela em meus sonhos dizendo que a verdade nunca será descoberta. – disse abraçando seu filho.
Os Srs. Hurley nunca mais voltaram para a residência. Os vizinhos invadiram a casa e descobriram vários objetos e livros de invocação.
Mas Taylor sempre aparecia nos sonhos de Carlos, de sua mãe, de Rafael e de Bruno. O próprio Médium disse que não tinha cura para os sonhos pararem, essa seria a consequência.
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