A Peça Nunca Acaba

Era uma tarde calorosa em Manaus. No relógio marcava 11h45min. Agatha estava fazendo suas unhas e assistindo a um programa quando seu telefone toca.
― Alô! – respondeu enquanto se arrumava no sofá.
― Boa tarde! A Agatha está, por favor? É sobre o Teatro Amazonas. – respondeu uma moça num tom calmo.
― Boa tarde! Sou eu. O que gostaria? – perguntou animada imaginando o que poderia ser.
― Boa tarde, Agatha! Tudo bom? Sou a Paola. Eu fiz a entrevista com você. Gostamos do seu currículo e de suas experiencias. Poderia vir até aqui amanhã para combinarmos sobre o trabalho e quando começar? – perguntou Paola.
― Muito obrigada por terem me chamado. Posso ir sim, qual o horário? – respondeu Agatha com um enorme sorriso.
― Ao meio-dia.
― Ok. Irei sim. Obrigada novamente! – disse Agatha.
― Eu que agradeço! Até amanhã então e tenha um ótimo dia! – respondeu Paola e desligou.
Depois do telefonema, Agatha tornou pintar suas unhas, só que dessa vez com um sorriso em seu rosto. Depois de suas unhas secarem, arrumou a casa e preparou o jantar e foi para o banho. Vestiu seu pijama e separou a roupa para o dia seguinte. Assim que o fez, foi para a  cozinha e enquanto comia, ouvia as notícias que passavam na televisão. Jantou, arrumou a cozinha e continuou assistindo tevê. Ao olhar para o relógio, viu que já estava tarde e resolveu ir dormir, pretendia acordar cedo para deixar tudo pronto.
Acordou às 08h30min, tomou café da manhã e foi dar uma caminhada por perto até o  horário de ir para ao teatro se aproximar.
Ao chegar em sua casa, foi logo tomar banho e se arrumar. Para sua sorte o teatro não era muito longe de sua casa, então se arrumou sem pressa.
Tomou um belo banho gelado e aconchegante. Colocou sua roupa mais formal que pôde, almoçou brevemente e foi para o seu futuro emprego. Preferiu ir caminhando porque gosta do ar livre.
Após caminhar por alguns minutos, Agatha chegou em seu destino. Suspirou fundo e entrou no local. Andou por mais alguns metros e enfim chegou. Bateu na porta e esperou por resposta que segundos depois se abriu.
Paola com sua simpatia pediu-lhe para entrar e Agatha o fez. Cumprimentaram-se e logo foram ao assunto. Conversaram sobre o horário, o pagamento, alguns assuntos aleatórios e foram até o teatro para a mesma se familiarizar.
Foram no carro de Paola. Minutos depois chegaram até o local. Agatha estava maravilhada com tamanha beleza do teatro e a imensidão que era.
Logo entraram. O lugar era enorme e muito bem cuidado. Várias poltronas vermelhas e o palco deslumbrante. Enquanto andavam pelo teatro, Paola foi mostrando quais lugares Agatha tomaria conta da limpeza.
― Que belo lugar! – disse Agatha maravilhada.
― Sim. Aqui é muito lindo! Você vai gostar! – disse enquanto caminhava junto à futura funcionária.
― Vamos até o meu escritório. Te darei todas as coordenas do teatro,
Após um longo tempo conversando e conhecendo o local, Agatha foi embora. Primeiro passou no mercado, comprou alguns legumes, frutas e foi para a sua casa. Chegou por volta das 16h00 porque foi caminhando.
Ao entrar, guardou a sua pequena compra, tirou seus sapatos, tomou um breve banho e ligou a tevê enquanto descansava e acabou dormindo. Acordou assustada por ter ouvido sussurros em seu ouvido.
Foi até o banheiro, lavou seu rosto e seguiu para a cozinha lavar a louça do almoço. Por não estar sentindo fome, deitou-se para se preparar para o dia seguinte que seria o seu primeiro dia de trabalho.
Seu relógio despertou às 05h30min e o fez acordar num pulo. Olhou para os lados e levantou sonolenta. Colocou suas pantufas cor-de-rosa de coelho e foi preparar o café. Enquanto preparava, ouvia as notícias sobre sua cidade e do país.
Logo tomou seu café, se arrumou e foi para o seu trabalho às 06h20min. Como de costume, foi caminhando. Assim que chegou, cumprimentou a todos e foi limpar um pequeno depósito. Colocou sua máscara e iniciou a limpeza. Havia muita poeira no local, o cômodo era pequeno, da cor marrom e haviam apenas algumas caixas com alguns acessórios para peças de teatro.
Enquanto estava limpando, vozes pôde ouvir. Olhou para os lados, mas não viu ninguém, então achou que fosse coisa de sua cabeça. Voltou para a limpeza, mas as vozes vieram juntas. Limpou o local depressa, porém com cuidado e logo saiu dali. Foi em direção ao salão do segundo andar para limpar. Ao chegar, sentiu uma leve tontura, mas continuou seu trabalho. Por sorte, não ocorreu mais nada.
Chegou em sua casa por volta das 18h30min. Ligou a tevê como de costume e foi tomar banho. Logo terminou e seguiu para a cozinha pra preparar a sua janta. Depois de pronto e enquanto esperava as coisas esfriarem, ligou para a sua amiga para contar como foi o seu primeiro dia no trabalho. Conversaram durante meia hora e desligaram.
Agatha então foi comer e ficou ouvindo as notícias até o sono chegar, que inclusive não demorou tanto.
Foi para o seu quarto e deitou-se. Acordou às 05h30min, levantou-se, se arrumou, preparou o seu café e 06h30min foi para o trabalho.
Ao chegar, cumprimentou a todos, colocou o uniforme para então começar. Antes de começar a limpeza, Paola foi até Agatha pedindo para  limpar o camarim, o palco e as poltronas porque terá uma peça. Agatha assentiu com a cabeça, pegou vassoura, rodo e produtos de limpeza e foi para o camarim.
Assim que entrou, ficou maravilhada com o tamanho e beleza de onde estava. A sua vontade era de colocar aquelas lindas fantasias e perucas para brincar, mas sabia separar as coisas e então começou seu . Cada roupa que pegava, segurava com todo o maior cuidado. Depois de limpar e organizar o camarim, foi para o hall.
Jogou água por todo o local, passou o sabão e começou esfregar todo o recinto. Cada parte do hall, limpava com cuidado e delicadeza. Enquanto estava limpando os vidros de uma porta, viu uma mulher de vestido longo branco, cabelos lisos pretos e os olhos negros. Sua boca estava suja de sangue. No primeiro momento ela achou que fosse alguma atriz ensaiando para a peça do dia seguinte. Riu e foi parabenizar o que acabara de fazer, mas quando abriu a porta, não havia ninguém por perto, nem sequer um funcionário. Ficou assustada, mas não disse nada a ninguém e voltou para a limpeza que durou três horas. Era questionada se não queria descansar e a resposta era sempre não.
Após limpar todo o hall, viu  que no relógio marcava 16h00 e percebeu que estava perto de ir embora. Já que o seu serviço havia terminado, foi tomar um pouco de café. Enquanto apreciava sua bebida favorita, Paola aproximou-se e avisou-lhe que se quisesse, poderia ir embora pois o hall era grande e ela havia limpado tudo. Sentiu-se feliz e aliviada ao saber disso e agradeceu. Após terminar de beber café, trocou de roupa e foi para a sua casa.
No caminho a imagem da mulher tornou em sua mente e calafrios sentiu.
Quando chegou, colocou sua bolsa no sofá e foi tomar um banho para tentar relaxar. No banho respirava ofegante e tremia de frio. Nunca havia presenciado esse tipo de cena. Pensou em não ir trabalhar no dia seguinte, mas lembrou que Paola contava com ela. Após sair do banho, vestiu-se e ligou para a sua amiga pra contar o ocorrido e ficaram conversando por bastante tempo. Após o telefonema, foi preparar o jantar enquanto assistia as notícias.
Após o jantar, ficou assistindo tevê e acabou dormindo no sofá. Acordou às 05h00 e resolveu não dormir mais. Levantou-se e foi preparar o café. Estava sem vontade de ouvir notícias e optou ficar na cozinha tomando chá com calma. Esperou dar o horário de se arrumar deitada no sofá e lembrando da cena do dia anterior. Não percebendo o horário passar rápido, quando olhou para o relógio acabara de dar o horário de se arrumar. Levantou e foi para o seu quarto. Se arrumou e foi para o teatro.
Ao chegar, fez o de sempre e foi logo na sala pegar os acessórios para limpeza. Respirou fundo e começou pelas poltronas. Limpava sem ao menos olhar o local.. Quando chegou na poltrona treze, percebeu que o acento estava fundo como se alguém estivesse sentado ali naquele momento. Respirou fundo e deixou aquela poltrona sem limpar. Uma hora depois havia terminado e foi para o palco. Ali achou que seria mais rápido e que nada aconteceria.
No palco havia um lindo piano preto. O primeiro espetáculo seria nele, então resolveram colocar ali para que não houvesse atrasos.
Enquanto limpava o palco, sentiu um frio enorme e se arrepiou. Logo o medo começou nascer em si. Tentou se concentrar, mas quando se aproximou do piano, ele começou tocar sozinho e muito alto. Ao presenciar tal cena, jogou a vassoura no chão e saiu imediatamente dali e foi em direção ao escritório de Paola.
― Eu me demito! Agradeço por tudo de bom que fez por mim, mas não me sinto bem. – saiu sem esperar Paola lhe responder e foi para sua casa.
Assim que chegou, sentou no sofá e começou tremer de medo. Ligou para a sua amiga dizendo o que acabara de ocorrer e após alguns minutos ela estava ao lado de Agatha.
― Eu sinto um pouco culpada disso tudo porque eu sabia que o teatro é assombrado. É que a sua felicidade estava tão alta que resolvi não me intrometer te causando medo, mas vi que errei. Me desculpe! – disse sua amiga abraçando-lhe fortemente.
― Quem deveria me informar disso era a própria Paola. – respondeu Agatha.
Ficaram ali durante todo o dia conversando. Agatha foi dormir na casa de sua amiga e no dia seguinte marcou com Paola em um restaurante para conversarem sobre o ocorrido.
Agatha explicou com detalhes o que havia acontecido e disse que era pra ser avisada sobre tais acontecimentos. Paola desculpou-se e pediu-lhe para que no dia seguinte fosse buscar o dinheiro.
No dia seguinte, após sair do teatro, Agatha prometeu a si mesma que nunca voltaria naquele lugar. 

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