O Acordar de Emily
Emily e seus pais estavam voltando da cidade de Santos. Se aproximando de São Paulo avistaram um animal ferido perto da estrada. Sua mãe como uma ótima governante de uma ONG de animais, logo pediu para seu marido que parasse o carro para resgata-lo.
Rosana tem 47 anos de idade, mora desde que nasceu, em São Paulo. Faz parte de uma ONG há cinco anos.
Cristian e Rosana ao se aproximarem, perceberam que o animal não estava tão ferido, mas precisava de alguns cuidados. Enquanto examinavam o cachorro, Emily ficou lendo livro e distraída com a leitura não ouviu o carro desgovernado que se aproximava e então saiu às pressas e por sorte conseguiu escapar. Porém, os seus pais, foram atingidos pelo carro.
Emily foi até os corpos de seus pais e entrou em desespero ao ver o estado em que ficaram. Em choque, pegou o celular e ligou para a ambulância e polícia. Explicou todo o ocorrido, o local e detalhes dos corpos. Quando aproximou-se de sua mãe, chorou desesperadamente, gritou. Enquanto observava sua mãe, viu o colar que ela sempre usava. Pegou ele, colocou em seu pescoço e ali ficou chorando desesperadamente.
Alguns – longos – minutos depois a ajuda chegou. Logo foram até ela e fizeram várias perguntas. Os para-médicos foram até os corpos para analisarem e averiguaram o local.
Emily estava muito assustada e não conseguia dizer quase nenhuma palavra mais. Os policiais tiveram de segurarem os braços dela para poderem levar até o carro. Emily gritava no carro que queria ficar ao lado de seus pais, queria ficar lá.
Meia hora depois chegaram no hospital para examinarem e ver se sofreu algo interno. Para a sorte dela, nada havia acontecido. Porém sabia que o psicológico seria afetado. Feito os exames, chamaram uma psicóloga para conversar com ela. Emily quase não se pronunciava. Todas as palavras ditas por ela, a doutora anotou e constatou de que ela precisaria de um tratamento psicológico por algum tempo.
Passaram-se sete meses e Emily não reagia ao tratamento. Seus olhos eram direcionados apenas em uma direção, nunca os movia.
O relógio marcava exatamente 13h00, hora dos exames rotineiros.
Lá estava ela no consultório da psicóloga. Recebia várias perguntas, mas nada de responde-las e nem sequer mover seus olhos. Depois de sua consulta, foi para os próximos exames. Passou o dia todo ali.
Como sempre, os resultados saíam somente à 00h00.
Às 23h30 quando Emily já estava deitada, a luz de seu quarto começou piscar sem parar e sua cadeira de rodas andou em sua direção. Alguns segundos depois, uma mulher que parecia ser sua mãe chegou perto e sussurrou:
― Vim buscar-te! Você tem de ficar ao meu lado. – disse a mulher enquanto acariciava seu rosto.
Emily ficou ofegante e tentava se mexer, mas quando a mulher percebeu, desapareceu e a luz apagou. Alguns minutos depois a enfermeira entrou no quarto para lhe dar o último remédio do dia e estranhou da luz já estar apagada.
Foi até Emily e a levantou para lhe dar o remédio. Quando estava encostada na cama, começou apontar para a cadeira de rodas e balbuciou algumas palavras. A enfermeira ficou feliz por ela ter dado seus primeiros movimentos após alguns meses, mas estranhou porque nos últimos exames não haviam mostrado melhorias algumas. Após ser medicada, Emily continuou apontando para a sua cadeira e a enfermeira continuou não entendendo nada, mas achou que era delírio que os remédios provocavam. Então chamou imediatamente o médico dela para vê-la.
Ao chegar, o médico analisou, mas não viu nada de diferente. Concordou que fosse efeito dos remédios, mas acharam melhor ela ficar em observação e a colocaram na cadeira e feito isso, saíram brevemente do quarto.
Ao saírem, Emily no mesmo instante olhou para a porta e a encarou por alguns minutos. Enquanto encarava, a luz tornou piscar, só que com mais intensidade. Ela olhava sem piscar ao menos uma vez.
A enfermeira que cuida dela, voltou no exato momento e de frente para a porta, ouviu um grito macabro vindo diretamente do quarto. Imediatamente ela abriu a porta e se deparou com Emily flutuando, sorrindo e encarando-a. Não pensou duas vezes e começou a gritar por ajuda. Quando os enfermeiros se aproximaram, a porta se fechou de uma vez e Emily começou rir.
― Está com medo da sua paciente que nem sequer se mexe? – perguntou dando risadas macabras. ― Ela não fazia nada além de estar viva. Pra que continuar com os exames sabendo que ela não vai dar sinais de melhorias? Vim buscar e tirar essa angustia que ela tem passado, não se preocupe.
Após a entidade pronunciar tais palavras, a enfermeira fechou seus olhos e começou rezar mentalmente.
― Que gracinha ela rezando para aquele ser do céu! Continue. Isso não me afeta! – sorriu.
― Você não irá levar ela em lugar algum! Eu repreendo em nome de Jesus! – disse a enfermeira enquanto fazia o sinal da cruz.
― Ela acha que isso me fará ir embora. Já conheço tudo isso! Seja renovadora, por favor. – retrucou enquanto fingia lixar a unha. ― Agora vamos parar de conversa e vamos ao que interessa. Me deixe levar esta garota e te deixarei em paz. Você e essas rezas que já não fazem mais efeitos.
Após o diálogo, as luzes de todo o hospital começaram piscar e todos os vidros do quarto de Emily quebraram.
Os enfermeiros que antes tentaram entrar, avisaram todos do local para ficarem em seus quartos e chamaram um padre para tentar conter a entidade.
A entidade aproximou-se da porta, sentiu um cheiro e exclamou.
― Oh que espertos! Chamaram um padre para brincarmos! Ótima ideia! – disse enquanto dava suas risadas maléficas.
Após três minutos o padre entrou no quarto e deu de cara com a entidade, parou por alguns segundos e sussurrou.
― Lúcifer está aqui conosco. – suspirou fundo. ― Por favor, deixe-me só com ele. – ordenou o pastor à enfermeira.
― Se precisar de ajuda, é só gritar. – respondeu a enfermeira saindo do quarto.
Após ela sair, o ser que habitava em Emily aproximou do padre e deu risada.
― Você fala como se fosse o único salvador da Terra! Padres querem ser os melhores do mundo, querem ganhar o nome de o único salvador, mas esquece do Deus que tanto proclamam. Vocês são egoístas! – aproximou-se do rosto do padre e sorriu.
― Eu não vim aqui conversar com você. Vim aqui retira-lo da pobre coitada! – disse enquanto preparava-se para o que estava por vir.
― Pobre coitada? Coitada é continuar vivendo deste jeito! – ria enquanto retrucava o padre.
Depois de pegar seu crucifixo e água benta, virando-se de frente para o corpo de Emily, começou rezar. O demônio começou se contorcer e resmungar de que estava queimando. O padre continuou e ao mesmo tempo fazia o sinal da cruz.
― Pare com isso seu imundo! Isso está queimando! – gritou o demônio.
Enquanto o tudo ocorria, o diretor do hospital informou alerta máxima e ordenou para que levassem os pacientes para o andar reserva. Os pacientes que não eram possíveis andar ficaram em observação máxima.
― Eu te repreendo em nome de Jesus! Eu te repreendo em nome de Jesus! – repetia o padre.
― Sai daqui seu imbecil! Vá cuidar da sua prima que também está à beira da morte! – ria enquanto tentava se esquivar da água.
O padre no mesmo instante paralisou e o encarou ficando furioso com o que acabara de ouvir.
― Você acha mesmo que tudo o que disser, vai me atacar? Eu lamento! – respirou fundo e continuou o seu procedimento.
Quando o demônio não aguentava mais, saiu do corpo de Emily fazendo com o que a mesma caísse no chão. No mesmo instante o padre foi em direção e começou a chamar pela garota. Levantou-se para chamar a enfermeira que cuidava dela, mas ao chegar na porta ouviu a risada mais macabra que já escutara.
Virou-se para trás e se deparou com o demônio no teto rindo. O padre sem pensar duas vezes, abriu o versículo da bíblia e começou ler em tom muito alto. Enquanto lia, imediatamente a risada parou e encarou o padre, ainda no teto.
― Te odeio! Você e seu criador. Vieram ao mundo para nos infortunar. Te matar agora seria o meu maior prazer. – disse enquanto descia lentamente para o chão e tornou a flutuar.
O padre não dava ouvidos e continuava lendo os versículos, mas não por muito tempo porque sua bíblia voou em direção à janela. Vendo que ela não estava mais para lhe ajudar, voltou a jogar água benta. Enganou fingiu que ia até a cama, pegando os pés e colocando na cadeira de rodas amarrando seus pés.
O demônio que estava em Emily apenas ria e pirraçava.
― É uma pena sua prima estar naquele estado, né? Já que o seu Deus é o curador de todas as doenças, porque ela não está curada? Olha a ironia aí mais uma vez... – sorriu para o padre.
― Ainda insiste em tentar me atingir com suas palavras? Não perca seu tempo! – respondeu sentando na cama, pegou seu crucifixo lentamente e de uma vez colocou na testa e começou à dizer algumas palavras em voz alta. No mesmo instante as luzes tornaram a piscar e portas bateram.
― Ah como isso me queima! – gritava o demônio. ― Tira isso de mim! Tira! – se contorcia.
― Você não disse que isso não te afeta mais? – perguntou o padre.
― Não te interessa! – respondeu o demônio e em seguida cuspiu no padre.
Ainda segurando seu crucifixo na testa, o colar que estava no pescoço de Emily lhe chamou muita atenção. Era um pingente de um pequeno cristal. Mas usando seu lado médium, descobriu que naquele colar havia um trabalho feito para a mãe de da meniina. No mesmo instante o padre foi retirar o colar, mas o demônio agarrou seu pescoço no mesmo momento.
― Eu te permito jogar essa água imunda e tocar-me com o seu crucifixo barato, mas tocar neste colar é pedir para morrer. Entendeu? – disse olhando fixamente nos olhos do padre.
O padre ficando sem ar se esforçava, até que conseguiu novamente tocar sua cruz na testa de Emily, mas não obteve resposta. O demônio nesse momento se tornara muito mais forte. O quarto agora escuro só dava para ouvir a respiração do demônio e do padre.
― Se você tentar tirar esse colar de mim... Diga adeus à sua vida. – riu após tal declaração.
Quando as unhas de Emily estavam quase adentrando no pescoço do padre, ele perfurou um dos pés da paciente e de imediato soltou o padre.
Ao cair no chão, o padre puxou o colar e um grito perturbador surgiu naquele quarto.
― Eu disse para você não tirar esse colar de mim. Se arrependa antes que seja tarde! – gritou com uma voz totalmente diferente da anterior.
― Eu não desistirei! E em nome de Jesus você vai sair desse corpo! Saia agora! Eu lhe ordeno! – disse enquanto fazia o sinal da cruz sobre o corpo de Emily.
A porta do quarto batia sem parar, as luzes piscavam num ritmo muito rápido até o momento em que tudo ficou quieto. A porta e as janelas se abriram, as luzes ficaram acesas e o ambiente ficou calmo. Aproximou-se de Emily e a encarou. A respiração dela era ofegante. Minutos depois a respiração foi voltando ao normal e ela acordou encarando o padre com um olhar calmo.
― Onde estou? Quem é você? Cadê meus pais? – questionou Emily.
Ao perceber que era ela, a primeira coisa que fez foi chamar a enfermeira para cuidar dos ferimentos que causou durante.
― Você está no hospital, querida! Eu sou o padre Daniel. A enfermeira vai cuidar de você agora, ela te explicará tudo. – disse enquanto pegava suas coisas. ― Que Deus te abençoe, amém. – fez a última vez o sinal da cruz sobre Emily e saiu para conversar com o diretor do hospital.
Explicou detalhadamente. Emily ficou sob cuidados, estava se recuperando, mas perdeu a memória parcialmente e não se lembrava do acidente.
O colar foi um presente de uma vizinha. Rosana não tirava por nada, mas sempre que pensava em tirar para limpa-lo algo a impedia de tal ato.
Emily após dois meses se recuperou e foi morar com seus tios. Até hoje nunca comentaram do exorcismo.
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