Sobreviva Se Puder. O Fantasma do Hotel

No relógio marcava 21h30min quando Karina arrumava sua cama para dormir. Estava ansiosa para o dia seguinte porque iria conhecer um dos hotéis que seu pai estava construindo. Seu pai era conhecido pelo país todo. Estava sempre inaugurando hotéis pelo Brasil, mas Karina estava prestes a conhecer o outro lado de seu pai, um lado que nunca imaginara que ele tivesse.  
Karina é uma menina de 10 anos, possui cabelos pretos, liso e do tamanho médio. Seus olhos são castanhos. É sonhadora, estudiosa, apaixonada pela dança e ama ler.
Deu boa noite para seu pai e deitou-se muito ansiosa. Durante a madrugada, teve um pesadelo onde um palhaço aparecia em um corredor com várias portas brancas. Com ele havia um machado. Seus dentes pareciam com de tubarão. Cada vez que ela dava um passo e quando de aproximou dele, pôde ouvir um sussurro.  
― Esse andar é só meu, ninguém entra aqui. E se entrar, não me responsabilizo com o que ocorrer aqui. Se entrou, é uma presa minha. Tenho ordens! 
Karina acordou logo após o diálogo. Acendeu seu abajur e foi para o quarto de seu pai. Ao entrar, chamou por ele perguntado se poderia dormir ali dizendo que teve um pesadelo. Ele apenas acenou com a cabeça positivamente e ela deitou. 
Às 06h30min Fabrício se levantou e chamou pela sua filha, pois  queria estar no hotel o mais cedo possível para poder acompanhar o andamento.  
Fabrício tem 45 anos. Cabelos grisalhos, ondulado e curto. Olhos verdes. É trabalhador, observador, mas possui um lado que ninguém conhece. Corrupto. Aproveita seu dinheiro para fazer coisas que sempre torce para que sua filha não descubra. 
Assim que levantou, foi tomar um banho. Vestiu sua melhor roupa e em seguida um paletó. Penteou seu cabelo e foi para a cozinha preparar o café da manhã para eles. Karina já havia tomado banho e se arrumado. Estava na sala assistindo desenho enquanto Fabrício preparava as coisas. 
Não demorou muito e logo a mesa estava farta de coisas. Karina adorava ver a mesa cheia, não era sempre, porque seu pai normalmente saia às pressas e sua babá não preparava o café da manhã como seu pai. Após tomarem café da manhã pegaram suas coisas e foram para o hotel.  
Como era próximo à casa, logo chegaram. Quando Fabrício estacionou o carro, sua filha ficou maravilhada com a fachada, era muito linda. Tudo combinando em tons de verde com toque de branco. Ao ver a reação de sua filha, ficou feliz e orgulhoso, sabia que estava fazendo um bom trabalho.  
Logo entraram e Fabrício foi averiguar o andamento do hall de entrada. Estava tudo exatamente como queria. Os andares estavam quase prontos, apenas faltando os móveis que logo seriam colocados. Após a averiguação, foi até sua filha e a levou para conhecer todos os andares. Karina estava apaixonada por tudo. Por onde passava ficava encantada com tudo o que via.  
A parte interna do hotel, era branco com detalhes em amarelo ouro. Os quartos eram enormes. Os banheiros eram totalmente luxuosos e grandes.  
Após terminarem de ver o penúltimo andar, a expressão de Fabrício mudou e ele logo apertou para o térreo. Disse para sua filha nunca ir ao último andar porque ainda estava em reforma e poderia se machucar por lá. Ela apenas assentiu com a cabeça. 
Depois de mostrar o hotel à sua filha, conversou com a babá de Karina para que cuidasse da menina enquanto resolvia alguns papéis no escritório que ficava logo ao lado. Deu algumas instruções para ela, despediu-se de sua filha e foi trabalhar. Enquanto trabalhava, sua filha ficou no hotel com Marina, sua babá. 
Enquanto conversavam sobre o hotel, o celular de Marina tocou e logo ela atendeu. Era uma ligação urgente e teria que resolver no mesmo instante. Acreditando que Karina fosse entender e obedece-la, pediu para que não saísse de forma alguma dali e que qualquer coisa, era pra pedir ajuda pra alguém dali que estava trabalhando. Ligou para Fabrício e mentiu dizendo que levaria sua filha junto. Após desligar o celular, pegou suas coisas, despediu-se de Karina e foi embora.
Karina pegou seu livro para se distrair, mas após ler algumas páginas, lembrou-se do que seu pai havia dito sobre o último andar. Olhou ao seu redor e chamou uma moça que estava passando por perto. Perguntou onde havia um banheiro para que pudesse ir. A mulher explicou e Karina seguiu. Ao sair do banheiro fingiu que estava voltando para seu local, mas foi para o elevador. Entrou e apertou para o último andar. Quando a porta abriu, percebeu que o andar estava completamente reformado. Haviam cinco portas da cor marrom, Karina foi abrindo uma por uma, mas nada havia dentro dos quartos. Quando chegou na última, percebeu que estava emperrada, mas com muita insistência, conseguiu abrir a porta, porém antes que pudesse ver o interior do cômodo, um homem lhe chamou, e quando virou-se, era uma palhaço.
― Olá menininha! O que faz aqui? Cadê seus pais? Eles não te disseram para nunca entrar em lugares desconhecidos? - perguntou fingindo simpatia.
― Meu pai é dono deste hotel, minha babá deu uma saída e logo volta. Mas e você, o que faz aqui? Quem é você e porquê está vestido de palhaço?  - respondeu com um pouco de medo. 
Percebendo que sua vingança poderia estar na sua frente, respondeu animado. 
― Oras, esqueci de me apresentar. Sou o palhaço Teco. Estou aqui porque logo é inauguração e vou fazer apresentação para as crianças. Gostaria de ver o que trouxe? - sorriu. 
Karina relutou um pouco, mas aceitou. O palhaço sorriu e aproximou-se da porta para abri-la. Assim que entraram, fechou e trancou a porta. Percebendo, Karina começou ficar assustada.  
― Por que trancou? Abra agora! - disse gritando. 
― É para que ninguém veja os brinquedos e estrague a surpresa. 
Marina com pressa de chegar antes do pai da menina, chegou às pressas no hotel e foi direto falar com Karina para saber se estava tudo bem, mas não a encontrou onde havia deixado. Então o desespero tomou conta de si e saiu perguntando se alguém havia visto, ninguém sabia. Minutos depois apareceu a moça que indicou o caminho do banheiro e explicou o que havia acontecido. Aliviada por saber que estava no hotel, foi à procura. Nada de encontra-la, então foi para o último andar. Ao entrar, entrou em choque ao ver o que havia acontecido, começou a gritar por socorro e percebendo o que havia feito, ligou para seu patrão explicando tudo.  
Fabrício sabendo o que poderia ter acontecido, ligou para a polícia e foi correndo para o hotel. Entrou desesperado e indo direto ao último andar. Encontrando-se em prantos, não sabia o que falar para a polícia. Assim que saiu do elevador, também ficou em estado de choque ao ver a cena. Marina o abraçou e arrependido, confessou para ela. 
Em uma construção de um dos hotéis, um funcionário morreu em um acidente e o irmão com raiva ameaçou toda sua família. Com medo, Fabrício aceitou a tal ameaça. Ele ia morar em um dos andares e todos que ali entrassem não teria mais escapatória.

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