O Rio Que Chora

Senhor José, um homem de 60 anos, tem costume de todos os dias, às 20h00, descansar em sua cadeira de balanço em frente ao rio. 
Então quando deu o horário, José já se encontrava em sua cadeira. Fechou seus olhos e apenas prestava atenção no som da natureza. Naquele dia em especial, ocorreu algo diferente.
Enquanto balançava sua cadeira, começou escutar uma moça chorando. Abriu seus olhos imediatamente e começou procurar de onde vinha. Olhou para um lado, olhou para o outro, mas nada. Lentamente se levantou e foi para o lado esquerdo de sua casa. O choro continuava. Olhou cautelosamente ao redor, mas nada. No outro lado de sua casa também não encontrara.
Ficou parado e então olhou para o rio. Um estalo em sua cabeça o fez achar que poderia vir do rio, mas descartou por estar muito distante e o choro estar muito perto. Sentou em sua cadeira e ficou atento, mas nenhuma pista. Então decidiu ir um pouco mais longe e andar pela mata.  
Pegou uma lanterna e sua faca de defesa. Trancou a porta e saiu em direção a mata. O choro continuava alto. 
― Tem alguém aí? Precisa de ajuda? - perguntava José. ― Estou aqui para ajudar! Não precisa ter medo. - disse olhando atentamente. 
Sem resposta continuou andando. Enquanto caminhava, um vento forte e gélido soprou em sua nuca. As árvores começaram balançar de forma brusca. Continuou andando e olhando atentamente.  
Sentindo-as cansado resolveu sentar por ali mesmo, embaixo de uma árvore. Posicionou sua lanterna, encostou sua cabeça e acabou dormindo um pouco. Logo acordou com o choro mais alto. Moveu a lanterna para todos os lados, porém continuava sem resposta. 
Depois de descansar, se levantou e foi para o outro lado. Movendo a lanterna sem parar, olhava atentamente na esperança de encontrar a moça. Ao caminhar, se assustou ao ouvir a mulher. 
― Me ajuda! Segura minha mão, me tire daqui! - sussurrava. 
Olhou para todos os lados, mas nada de encontrá-la. Então continuou andando ao redor. Cansado parou pra descansar de novo e acabou dormindo.  
Acordou às 03h00 e muito assustado, pois não era só uma mulher chorando, e sim várias pessoas. Assustado, pegou suas coisas e saiu correndo para dentro de casa. Estava apavorado com o que havia escutado.  
Entrou em sua casa e trancou a porta. Foi direto para seu quarto. Tomou um copo de água e deitou. O choro repetia em sua mente e o fazia se arrepiar sem parar. Alguns minutos depois acabou dormindo.  
Na manhã seguinte acordara com a luz do sol em seu rosto. Levantou, tomou um banho, vestiu-se e foi para a cozinhar preparar seu café.  
Quando ia colocar o lixo para fora avistou seu vizinho e resolveu contar o que havia acontecido na madrugada. 
― Zé, você não sabe o que aconteceu no rio? - perguntou o homem surpreso e arrepiado.  
― Não. O quê? - respondeu sem entender.  
― Houve um acidente lá e muita gente morreu afogadas. Dizem que as almas não conseguiram sair e de vez em quando escutamos vozes pedindo por ajuda. Eu mesmo sempre escuto quando preciso ir pra cidade, já me acostumei. 
Seu José ficou abismado com a história. Nunca mais escutou os choros.  

Comentários

Translate