A Estranha Companhia
Todos os dias Michel percorria pelo mesmo caminho para ir e voltar de sua escola. Na volta e no mesmo horário acontecia algo da qual chamava muito sua atenção. Um homem sempre se sentava em seu sofá, colocava o mesmo filme e abraçava sua esposa, ou pelo menos era o que aparentava já que nunca vira se mexendo ou em posição diferente. Por curiosidade, o menino acabou decorando a cena do filme e notou que era um romance.
Em mais um dia voltando para a casa, Michel se decidiu tentar se aproximar da residência. Diminuiu seus passos e lentamente foi para a calçada. Parou em frente ao portão, colocou sua mão direita sobre a campainha, respirou fundo, porém desistiu no mesmo instante e foi para sua casa.
No dia seguinte estava determinado em descobrir o que acontecia por ali. Junto de seu amigo, respirou fundo e decidido tocou a campainha. Por alguns segundos o homem não se moveu, mas lentamente direcionou sua cabeça para o lado direito e voltou sua atenção para a televisão. Decepcionados, pegaram suas mochilas para ir embora, porém antes mesmo de darem o primeiro passo, o senhor se levantou, foi até a janela, fez um gesto para esperarem e fechou a cortina.
Surpresos se entreolharam e Michel rapidamente criou um plano. Pedir água e dizer que seu amigo estava passando mal. Após se passarem três minutos, o moço apareceu com uma expressão, digamos, amigável demais. Michel já estava abanando seu amigo e em tom de desespero, pediu a água.
- Moço, por favor, pode me ajudar? Estávamos caminhando e meu amigo desmaiou! Pode me dar um copo de água? - respondeu enquanto mexia em seu amigo.
O Senhor então vendo o menino desmaiado se desesperou e pediram para que entrasse. Discretamente olharam um para o outro. Michel pegara seu amigo no colo e entraram.
Ao lado direito da casa tinha um corredor que levava até a cozinha. A faixada era simples, tudo completamente branco, incluindo o pequeno portão.
Então seguiram o Senhor. Entraram na primeira porta, a cozinha. Assim como a faixada, era toda branca, exceto a pequena mesa de madeira na cor marrom escuro. A pia também era pequena, em cima tinha apenas um escorredor de louças de plástico e nele havia um prato, um copo, um garfo e uma faca. O armário pequeno mal cabia as coisas. Mas o que mais chamou suas atenções, foi um cheiro forte.
Michel logo sentou seu amigo em uma das cadeiras e fez um sinal para que acordasse assim que bebesse a água. O Senhor um pouco inquieto entregou o copo com água a Michel. Lentamente foi dando água para seu amigo o fazendo acordar aos poucos. Sentindo-se aliviado, fingiu estar muito feliz ao ver seu amigo acordando. Com uma voz fraca pediu ao Senhor para ir ao banheiro. Mesmo ainda inquieto autorizou e explicou onde ficava. Michel agradeceu e pediu desculpas pelo incomodo e iniciou uma conversa para distraí-lo.
Ao sair da vista do homem, foi até a porta do banheiro e fechou-a para que não desconfiasse de nada. Então começou caminhar em direção a sala e conforme se aproximava, sentia o cheiro mais forte, porém não desistiu. Ao chegar na porta da sala, respirou fundo e lentamente adentrou e ficou horrorizado ao descobrir que era o cadáver da esposa.
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