O Prazer da Rosa
O dia estava nublado, exatamente como gosto. Para aproveitar o dia, resolvi ir para a praça para também escrever. Coloquei o caderno em minha bolsa e saí.
Andei por toda a imensa praça, era como um ritual. Gostava de olhar para as árvores, com suas belas flores amarelas e roxas. O lugar era lindo, possuía inúmeros bancos por ali. Sentei em um, peguei meu caderno e comecei a escrever. Fiquei analisando o ambiente enquanto pensava no que pudera escrever mais, foi quando notei algo que nunca passou pelos meus olhos por tantos anos indo à praça. Um esplendoroso jardim de rosas! Rosas brancas, amarelas, parecia sair de um livro encantado. Levantei-me e fui até o jardim e conforme me aproximava, minha atenção foi direta para a única rosa vermelha que ali havia. Tão vermelha quanto o sangue.
Toquei nela, esquecendo-me de seus espinhos. Larguei-a imediatamente ao sentir uma picada em meu dedo, porém foi mais pelo susto do que pela dor.
Olhei para meu dedo e vi uma linha fina de sangue escorrendo, o que causou uma nova sensação em meu corpo. Antes de tocar novamente na flor, certifiquei-me se havia alguém por perto. Fechei meus olhos e com a mesma mão apertei firmemente nos espinhos, causando arrepios pelo corpo todo. Era como se eu entrasse em transe ao sentir o cheiro do sangue, aquele leve aroma. Segurei até meu limite, descobrindo que eu podia sentir prazer na dor. Logo senti meu corpo respondendo à ela. Mordia meu lábio para tentar controlar minha respiração ofegante. Sentia meu corpo estremecer, me fazendo perder todos meus sentidos, que por consequência, apertei com mais firmeza, me levando ao extremo da dor, sentindo os espinhos adentrarem em minha mão e sangue escorrendo. Eu estava fora de mim, não sabia mais nem onde estava.
Como resposta eu senti meu corpo amolecer e entre minhas coxas, escorrer.
Soltei a rosa imediatamente, me dando conta da realidade. Olhei ao redor com um sorriso de satisfação e alívio, me reconectando com o mundo.
Com minha língua limpei minha mão e dedo por dedo. Respirei fundo, encarei por alguns segundos os espinhos com resquício de meu sangue e discretamente apanhei a rosa, colocando com toda cautela em minha bolsa.
Respirei fundo e saí do jardim, seguindo para o mesmo banco. Me sentei encostada para me recuperar completamente. Fiquei apenas concentrada na ardência de minha mão e minha respiração voltando aos poucos. Permaneci por alguns minutos ali.
Me levantei e segui para minha casa. Ao chegar, imediatamente lavei minha mão e peguei meu pequeno vaso de cristal, colocando a rosa, em seguida. Limpei todo o sangue dos espinhos e levei para o meu quarto, colocando ao lado de minha cama.
Pela madrugada peguei a flor novamente e com calma aproveitei da melhor maneira o que os espinhos me causavam.
Excelente conto parabéns Morgan
ResponderExcluirMuito obrigada, Claudio! Fico imensamente feliz por você estar sempre aqui.
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