Quietude

  Eduarda começou a sentir um cheiro incômodo que vinha da casa ao lado, mas pensou que fosse apenas um lixo que esqueceram de tirar, então relevou mesmo a incomodando.

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Semanas passaram-se e o cheiro estava pior, logo descartou ser lixo, o que a fez se arrepiar toda, pensando no que poderia ser. Além do fato do odor, o único morador daquela casa estava desaparecido, apesar de ser uma pessoa caseira.

Comentou com as pessoas da casa, que disseram também sentir o cheiro. Sua filha mais velha não aguentou ficar na residência, sentindo-se obrigada a ir para casa de sua amiga.

Eduarda então resolveu tentar falar com o morador da casa para saber o que havia acontecido. Conforme ia se aproximando, mal conseguia respirar, pois, o cheiro era fétido. Já sentindo ânsia, pegou seu lenço branco e tapou seu nariz, o que não resolveu muito.

Olhou para dentro do portão marrom já bem descuidado, olhou entre uma grade e outra, já que eram largas e percebeu, então, que havia muitos insetos rodeando a porta. Tocou a campainha da casa e mesmo com suas tentativas, ninguém apareceu.

Sem pensar duas vezes, foi para a sua casa e ligou para a polícia. 

Incrivelmente a polícia não demorou muito para chegar e assim que os dois policiais saíram do carro, reclamaram do odor forte, colocando a mão sobre o nariz. Um deles aproximou-se do portão e constatando que estava destrancado, abriu. Caminhando em direção à porta, num longo corredor, o cheiro só piorava, dificultando sua respiração. Afastou os inúmeros insetos com sua mão canhota ao redor da porta e bateu em seguida. Uma, duas, três vezes e nada! 

Porta trancada. Desconfiando do que seria, imediatamente voltou para o carro, informando seu parceiro, que no mesmo instante acionou o IML e enquanto esperavam, os policiais fizeram algumas perguntas para Eduarda, que tinha mais certeza do que se tratava. A informação mais importante é que morava apenas um homem na casa e que sua mãe havia falecido meses atrás.

Dez minutos depois, enfim, o IML chega.

A vizinha se apavorou percebendo que realmente era o que pensava.

Então os policiais junto do IML seguiram em direção à porta. Um dos policiais forçou a porta algumas vezes, conseguindo abri-la. O cheiro que já estava insuportável há alguns metros, agora era sufocante, cheiro de podridão. Com as devidas máscaras, adentraram na casa. Era quase impossível de estar ali, muitas moscas-varejeiras sobrevoavam o interior da casa.

A casa era consideravelmente grande, assim como todos os cômodos que ficavam após a enorme sala. Os móveis eram na sua maioria em tom de marrom escuro, O chão era um piso cinza com manchas brancas, imitando mármore.

Então seguiram em direção ao fedor, que só piorava. Abanavam para afastar as moscas, mas era impossível livrar-se delas. Entraram de quarto em quarto, até encontrar o qual procuravam.

Quando abriram, se depararam com uma cena grotesca. Sobre a pequena cama encostada na parede, estava lá o corpo, em decomposição avançada, esverdeado, com muitos vermes se movendo, banqueteando-se da carne podre. O cômodo estava próprio para um cenário de filme de horror, mas, ao mesmo tempo, estava poético. Sua morte parecia ter sido calma, sem dor, não havia vestígios de crime. Apenas se foi… Logo começaram as investigações. De acordo com a vizinha, a mãe daquele homem faleceu alguns meses antes e o pai, há anos. O filho a maltratava, bebia demasiadamente, não tinha nenhum pouco de bom caráter.

A casa era da falecida e ele foi o último sobrevivente daquele lar.


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  O motivo da morte ainda é um mistério.

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