Magda M.C

O dia estava frio, nublado. Havia uma moça perdida onde o silêncio prevalecia e somente os cantos dos pássaros ela ouvia.

Caminhou alguns metros adiante e sentou-se na gélida pedra de cimento, que possuía uma estátua de uma mulher de costas para quem chegasse. Nela, a falecida estava ajoelhada, com o cabelo levantado pelo vento e as mãos apoiadas nos joelhos. Seu rosto estava coberto pelo cabelo, não dava para ser identificada, a foto na lápide estava manchada.

Olhou o nome e estava apenas escrito Magda M.C. Com as datas: 1960-1984. A estátua, seu nome e data eram as únicas coisas que se referiam a quem morreu.

Ela lamentou tentando imaginar o que acontecera com Magda e se levantou com sua cabeça baixa. Por algum motivo a morte dela lhe entristeceu. Com tristeza em seu peito, caminhou em direção ao final do cemitério e lá ficou em um mausoléu abandonado, escondida das pessoas que aos poucos lotava o local. Era alguma data em especial, porém ela não sabia qual. Encolheu-se no mausoléu e ficou por algum tempo. Ela gostava de perambular no cemitério, exceto quando estava com aglomeração. Ali permaneceu quieta, pensativa em relação a Magda, algo a prendia a ela.

Pouco tempo depois, após o silêncio retornar, a moça saiu rumo ao túmulo que estava lhe prendendo, pois queria, de alguma forma, tentar descobrir a identidade e a causa da morte. Sentia não só uma curiosidade, mas sim uma necessidade.

Antes de sair do mausoléu, olhou com cautela o seu redor para certificar-se de que teria alguém. Vazio e silêncio. Com passos cuidadosos seguiu para o túmulo, sempre atenta a cada som.

Conforme se aproximava, escutava lamentos exatamente no túmulo em que ela estava indo. Parou por alguns minutos e esperou a pessoa ir embora, mas quando olhou novamente, notou que de algum lugar conhecia a pessoa. Caminhou lentamente, se aproximando mais e suspirou profundamente. Ali estava sua melhor amiga, ajoelhada no túmulo, aos prantos, segurando uma fotografia. Isso a deixou intrigada, pois sua amiga nunca havia falado de Magda. E então percebeu algo que a fez estremecer: não se falavam há dias.

Com passos acelerados, seguiu até sua amiga e se aproximou da fotografia, entendendo o que estava acontecendo.

Ela era Magda, era quem havia morrido, a estátua era dela. Logo lembrou de que gostava de ficar ajoelhada para assistir ao pôr-do-sol.

Ela acabara de descobrir que ali seria eternamente o seu lar.

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